A consistência e disciplina que Phedilson impõe no seu rap justificam os resultados que tem alcançado ao longo dos últimos cinco anos, ao tornar-se num dos rappers mais relevantes da nova vaga do hip-hop lusófono.
Com vários temas que atingiram o sucesso, Phedilson ganhou notoriedade entre os apreciadores de Hip-Hop pela mestria e fácil adaptação aos vários tipos de instrumentais de rap.
Com um knowledge insano, quando entra e embala no dropping de alguma música, o rapper chega a atingir níveis a que só alguns grandes chegaram. Contudo, essa habilidade, se não for bem gerida, pode ter um revés. “É uma faca de dois gumes. Por um lado, é gratificante sentirmos que podemos naturalmente fluir em várias nuances, mas entretanto existe outro lado. A desvantagem pode estar na questão do auto-conhecimento. Leva algum tempo a descobrirmos a nossa identidade ou pelo menos a aprendermos a gerir da melhor forma as diferentes facetas. Mas é mais positivo do que o contrário, na minha opinião.
O “Boom” que Phedilson teve nas lides do rap feito na lusofonia foi tão notável que já pudemos deslumbrar o “rapper das províncias” [Phedilson é do interior de Angola, mais propriamente do Huambo] em colaboração com Madkutz, Phoenix RDC, Dji Tafinha, e aidna teve skits de Valete e Sam The Kid no LP #AVE.
O “2 Balas” é sobre amor
Phedilson
O emcee acaba de lançar nesta sexta-feira 24 a música “2 Balas”, que conta com um videoclipe no YouTube. Questionado sobre o processo criativo, que teve a produção de Samuel Beats, o autor explicou que a faixa surgiu das experiências sonoras de três épocas diferentes. “Escrevi muitas coisas mas tive de sintetizar. A nível de sonoridade, decidi fundir três gerações diferentes e em cada uma delas trazer um discurso e uma viagem diferentes. Sou entusiasta do boom bap, do trap e agora do drill, então decidi fazer um exercício, mas com uma mensagem tácita que é também um repúdio aos conflitos geracionais dentro da Cultura Hip-Hop”.
O rapper sublinhou que o título da música fala de uma das suas experiências mais complicadas. “É sobre a morte dos meus avôs. É o artista a descrever o homem em mim numa das piores fases da vida, mas é também sobre emancipação e renascimento”, explicou.
Sobre o LP #AVE, “representa uma fase de transição para esse momento atual. Admito que, infelizmente, em questão de divulgação, foi “sacrificado” até certo ponto, mas existe tempo para o consumo. A obra está feita e lançada, então a divulgação vai acontecendo direta ou indiretamente de forma orgânica”.
Para percebermos a perspetiva do rapper sobre a sua posição ou não entre os melhores rappers da nova escola, o artista preferiu reforçar que ainda há muito trabalho a ser feito. “Continuo a sentir um feedback super positivo dentro da lusofonia, mas a minha preocupação sempre foi mais com a qualidade do trabalho e a evolução artística do que propriamente o hype. Quero construir uma carreira com substância e solidez necessárias para resistir ao tempo”.
Em termos artísticos, Phedilson tem dedicado os últimos meses aos trabalhos do grupo Ascensão Music, que deverá revelar novidades muito brevemente.
Mauro Aghuas
Pai de 3 | Linux entusiasta | Fã de Cazuza | amante da cultura Hip-Hop e apaixonado por festivais de Rock em Angola
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