É indiscutível que África é uma fábrica de produção de diversidade e cultura que reluzem cores, sons e sabores que não estão disponíveis em mais nenhum lugar no mundo. Além disso, enquanto a maioria reinventa o que já foi criado, no continente africano a capacidade de inovação e de produção de novos estilos é constante.
No mundo da moda já tivemos a oportunidade de ver colecções de reconhecidas marcas internacionais inspiradas em culturas africanas. A marca A King of Guise, com base em Munique, Alemanha, criou um look book, que ajuda-nos a compreender como a noção de estilos africanos e tendências têm inspirado a indústria fashion mundo afora.
A Highsnobiety fez um apanhado de cinco estilos de subculturas africanas que merecem ser do público em geral e que muitos têm reproduzido sem conhecerem a sua origem.
SAPE
A Société des Ambienceurs et Persignes Elegantes, que já falámos aqui, nasceu no Congo e foi reconhecida internacionalmente pela primeira vez em 1998 pelo The New York Times.
O estilo emergiu do cruzamento entre a cultura colonialista e a colonizada, mas as pessoas de roupa eram adquiridas em segunda mão, muitas vezes dadas como caridade pelos colonos. Com o fim do colonialismo, os congueses viajavam para França para comprar novas e vibrantes peças de roupa, numa forma individual de protesto e empoderamento da sua cultura.
Papa Wemba foi um dos padrinhos do movimento, depois de ter passado em tourné em Paris e Milão, em 1979. Após a sua morte, o saxofonista camaronês Manu Dibango disse à BBC que: “Toda a sua atitude sobre a arte de vestir bem era parte da narrativa africana que nos foi negada por muito tempo. As pessoas sempre tiveram estereótipos sobre nós e o Papa Wemba queria mostrar que vestir bem não é apenas uma questão de dinheiro, não é apenas algo para os ocidentais e que africanos também podem ser elegantes. Isto é sobre o que nos define e a recusa de sermos despojados da nossa própria humanidade”.
Skhothane
A Skhothane é uma subcultura sul-africana que nasceu na dança, como a Pantsula, e que surgiu na reinvenção dos uniformes que os sul-africanos negros eram obrigados a usar durante o apartheid, e do unswenko, que em zulu significa swap.
O estilo revela algumas semelhanças com a aparência dos B-boys nova-iorquinos dos anos ’80, e que usou a paixão pelo luxo italiano para dar vida à monotonia da vida nos subúrbios da capital Joanesburgo. “Se te apresentas como um homem clean que se veste com foco e de forma inteligente e que presta atenção no que veste, as pessoas vão respeitar-te. Mas se te vestires de outra forma, as pessoas vão ter medo de ou achar que és culpado de alguma coisa”, disse grupo fashion Vuyolwethu Mpantsha, ao Slate.
The Renegades/Afrometals
Visivelmente inspirado no género musical metal, o estilo nasceu no Botswana, por volta de 2011. O fotógrafo sul-africano Frank Marshall foi um dos primeiros a dar a conhecer o estilo que se mistura entre a paixão pelas peles e chapéus de cowboy. Tudo começou no rock, que mais tarde acabou por ser introduzido às várias formas do metal.
The Herero Victorians
Com os missionários Rhenish, de origem alemã, em 1900, os Herero Victorians na Namíbia, surgiram quando as mulheres Herero adaptaram vestidos da era victoriana, longos, floreados e que eram completados com um capacete em forma de chifres. Os homens acabaram por adoptar o estilo da indumentária dos soldados.
Swenkas
Em Joanesburgo, o ”swanking” representa um desfile extra-oficial e informal nas noites de sábado para descobrir quem é o homem mais elegante, apesar de a maioria dos participantes serem apenas operários que pouco ou nada têm a ver com a indústria da moda.
Com cortes à SAPE, a swenka emana uma vibe e estética e únicas, que neste concurso podem valer prémios como a entrada nos clubes nocturnos, entre outros.