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Activistas denunciam fraude em vídeo sobre crianças desnutridas

As activistas sociais Laura Macedo e Maria Victória Pereira afirmaram, quinta-feira, em Luanda, que dispõem de elementos para desmentir a suposta existência de 200 crianças angolanas com graves problemas de desnutrição, numa casa abandonada, no Distrito Urbano da Estalagem, município de Viana.

Falando em conferência de imprensa sobre as alegadas crianças, as ativistas sustentaram que, após contactos com Hélder Silva, o cidadão angolano autor do vídeo divulgado por uma estação televisiva portuguesa, foram localizadas quatro crianças, mas em local diferente do denunciado.

Segundo Laura Macedo, fez-se um trabalho de investigação para apurar a veracidade dos factos, em Luanda, a pedido da mesma cadeia televisiva, uma vez que o autor do vídeo se recusava a especificar o local.

“Na quarta-feira, dirigimo-nos à zona da Estalagem, para que nos indicasse o local onde estavam as crianças. Ele (Hélder Silva) e mais um amigo levaram-nos ao Bairro Kassaca, entre o Zango 4 e Calumbo, em casa de uma das crianças que aparecia no vídeo”, explicou.

Segundo Laura Macedo, durante o percurso perceberam “que as crianças apresentadas na reportagem haviam sido recolhidas das casas das suas famílias e colocadas num local, para que pudessem fazer o vídeo” exibido na televisão, não havendo, assim, uma abandonada.

Após o vídeo, denunciou, “as crianças voltaram para junto dos familiares”.

“Localizamos quatro crianças, que, por apresentarem necessidades de cuidados médicos urgentes, foram encaminhadas para o Hospital Pediátrico David Bernardino”, informou.

A propósito, uma fonte do Ministério da Família e Promoção da Mulher confirmou à ANGOP que foram retiradas, na quarta-feira, quatro crianças do sexo masculino, nos bairros Zango 3 e 4, na localidade de Kassaca 2, sendo uma de quatro anos, duas de seis anos e uma de 16 anos.

Conforme a fonte, a criança de quatro anos foi retirada, clandestinamente, do Hospital Pediátrico, pela mãe, que se meteu em fuga, estando os dois de seis anos internados no Hospital do Prenda.

As mesmas, precisou, apresentam problemas de mal-nutrição e tuberculose, carecendo de cuidados intensivos.

A fonte afirma ainda que as crianças, supostamente, “não têm qualquer ligação com aquelas imagens exibidas na reportagem televisiva”, alegadamente abandonadas num barracão, em Viana.

No entender de Laura Macedo, o cidadão angolano Hélder Silva terá sido “manipulado” por uma organização portuguesa de apoio a pessoas carenciadas, no sentido de angariar fundos para crianças.

“Infelizmente, o Hélder foi instrumentalizado por pessoas que estão fora de Angola e não conhecem a nossa realidade. Isso não se pode aceitar. Sabemos que existem necessidades extremas, mas não podem ser terceiros a querer fazer este papel, em jeito de aproveitamento”, repudiou a activista.

Pelo facto, as activistas condenaram a atitude de Hélder Silva por expor, via televisão, a vida das crianças em estado de saúde débil e com vulnerabilidades, com base em manipulação.

Na última terça-feira, uma cadeia de televisão portuguesa emitiu a peça em que o cidadão angolano denuncia a situação de petizes que aparentam um quadro de desnutrição grave.

Na referida peça, o cidadão afirma que o local estaria a albergar pelo menos 200 crianças, grande parte delas com doenças infecciosas, como sarna e tuberculose.

“Ficamos muito sensibilizadas com o que vimos na televisão e prontamente decidimos agir, porque foi horrível ver crianças nossas a passar por enormes dificuldades”, concluiu Laura Macedo.

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