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Empresários africanos, governos e operadoras de rede querem criar um telefone africano

O mercado tecnológico e de hardware em África tem dado passos significantes no que toca à indústria das telecomunicações. Nos últimos anos, empreendedores, multinacionais, governos e empresas de telecomunicações entraram no setor com o objetivo de construir aparelhos fabricados em África que desafiariam a participação de mercado com empresas como Transsion, Apple e Samsung.

A maior operadora de redes móveis em África, MTN e a startup Onyx Connect anunciaram os seus planos e lançaram os seus próprios telefones locais. O grupo de investimento pan-africano, Mara, recebeu apoio do Banco Africano de Desenvolvimento no mês de novembro para desenvolver um smartphone de alta qualidade que entre principalmente nos mercados africanos com o objetivo de exportação para a Europa.

Com o crescimento do mercado africano de telecomunicações, as partes interessadas querem fornecer dispositivos acessíveis para dados, com sistemas operacionais especializados, acesso a todas as aplicações e com uma capacidade maior de tempo de bateria – um telefone fabricado em África, por africanos e para os africanos.

Em toda a África, os telemóveis são mais do que apenas um dispositivo de comunicação: é um olhar para o futuro, é uma ferramenta vital que dá acesso a inovação, a saúde e educação desde a especialização agrícola a serviços governamentais. O objetivo da criação de um telemóvel africano passa também por querer chegar aos mercados rurais e locais onde os grupos demográficos mais jovens seja maior.

REUTERS / Primeiro smarthphone produzido no Egipto: SICO

No entanto, parte dessa mudança envolve a política económica quanto a substituição de importações na industrialização, que exige que as nações troquem as importações estrangeiras pela produção nacional. Com o amadurecimento dos ecossistemas tecnológicos e um crescente interesse em novas tecnologias, o lançamento de novos telefones inteligentes e de recursos poderia impulsionar a produção, criar mais empregos e atrair investidores estrangeiros.

Mas conforme a corrida se intensifica entre os países e as empresas, não está claro se os telefones feitos localmente podem realmente ganhar força. Kamau Gachigi, fundador e diretor da Gearbox, localizada em Nairobi, Quénia, diz que “os governos precisam de concentrar menos no produto final e mais em processos de construção que possam apoiar e estimular mais produtos e ecossistemas”.

Como exemplo, o apoio das instalações de protótipos especializados na fabricação de placas de circuito impresso (PCB) para eletrónicos, o que permitiria a criação de um processo de produção de alta qualidade que  chegasse a todos os fabricantes quer de telefones ou tablets.

Mas aplicar essas ideias de negócio pode ser mais difícil do que parece, “os governos, por exemplo, podem exigir que seus telefones sejam usados ​​ou comprados por funcionários públicos apenas, o que se se torna numa ameaça. Pois empresas dominantes como a chinesa Transsion, continuará líder na venda de telemóveis em África.” conclui Kamau.

Gráfico – ATLAS

Mark Kaigwa, fundador da Nendo, empresa de pesquisa tecnológica de Nairóbi, Quénia, diz que qualquer pronunciamento que não leve em conta a existência de fabricantes dominantes como Transsion, Samsung e Huawei só se mostrará uma ideia “romântica”.

Por mais que África tente comercializar e produzir os seus telefones sozinha, existirá sempre um fabricante asiático, “a SICO, a empresa egípcia que criou o seu primeiro smartphone com capacidade 4G, Nile X, e a MTN, fizeram parcerias com empresas de tecnologia chinesas para fabricar os seus telefones.”

Kaigwa acrescenta ainda que “é necessário que África não olhe apenas para os seus próprios aparelhos como uma forma de contornar o trabalho duro de construir uma infraestrutura adequada, mas sim o de criar um ambiente regular para novos modelos de negócios que encorajem parcerias público-privadas”.

Gachigi, “evangelista dos fabricantes” como é chamado por alguns sites, diz que” é importante que diferentes partes interessadas na África prestem atenção aos telemóveis e queiram se tornar exportadores atraentes em vez de importadores líquidos.”

As oportunidades têm de ser criadas em África e ela “não pode encostar-se apenas para ver as oportunidades impulsionadas pelos outros”, finaliza Kamau Gachigi

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