Os últimos dias do Alkantara Festival – Festival Internacional de Artes Performativas, com direção artística de Carla Nobre Sousa e David Cabecinha, trazem um conjunto de criações portuguesas e com a influência afrodiaspórica. Com quatro espetáculos – dois deles em estreia absoluta – o festival desdobra-se ainda numa conversa com Kalaf Epalanga, uma festa e três momentos de partilha de processos de criação.
Até 26 de novembro, o ator e criador Gio Lourenço apresenta BOCA FALA TROPA, no SLTM (quinta e sexta às 19h, sábado às 16h). Esta peça – resultado de uma bolsa de criação do Espaço do Tempo –, traz uma revisitação da história do Kuduro e dá conta dos trânsitos entre Angola e Portugal, que trouxeram o Kuduro ao Bairro do Fim do Mundo. Acompanhado pela música de Xullaji e pelos vídeos de Michelle Eistrup, Gio Lourenço recontextualiza o Kuduro como uma expressão artística que se consolidou no trânsito entre dois países. Ao espetáculo de sábado seguir-se-á uma conversa entre Gio Lourenço e o escritor e músico angolano Kalaf Epalanga, moderada pela investigadora palestiniana Shahd Wadi. A conversa decorrerá em português, com interpretação em Língua Gestual Portuguesa.
Em estreia absoluta, a coreógrafa e bailarina Vânia Doutel Vaz apresentará O Elefante no Meio da Sala no TBA, de 25 a 27 de novembro, às 21h. Neste solo, através do corpo e da voz, a artista angolana nascida em Setúbal reflete sobre a prática da dança e manipula as expectativas que existem sobre si, num gesto de interação e desafio para com o público que a observa.
Também em estreia absoluta, o duo português Sofia Dias & Vítor Roriz, estará com Filiz Sızanlı & Mustafa Kapla, naturais da Turquia, no SLTM a apresentar NEVER ODD OR EVEͶ. Nos dias 26 e 27 de novembro, às 19h, refletem sobre as suas dinâmicas de criação duais. Ambos com mais de 10 anos de trabalho em dupla, procuram semelhanças e diferenças entre os corpos e exploram, através de voz, movimento e gesto, ideias de duplicidade, continuidade e ruptura.
Nos dias 26 e 27 de novembro, a Culturgest receberá Ôss. Trata-se da mais recente criação da coreógrafa Marlene Monteiro Freitas, internacionalmente reconhecida pelas suas peças eletrizantes e dionisíacas, e da companhia Dançando com a Diferença, que tem promovido a criação em dança com pessoas com e sem deficiência, sob a direção artística de Henrique Amoedo. Em Ôss, os corpos são desconstruído e, cada parte, independentemente da sua densidade, pode ser estruturante como uma firme estrutura óssea.
No domingo, o ator e criador moçambicano Marco Mendonça abre as portas do estúdio do Espaço Alkantara, às 15h, para partilhar o seu processo de criação e a sua pesquisa para Blackface. No próximo ano, Blackface será uma conferência musical a partir da história e performatividade do blackface.
A chegada ao fim de mais uma edição do Alkantara Festival será celebrada no sábado dia 25 de novembro, no Arroz Estúdios. A partir das 23h, DIDI propõe Afropolitana – Afrodiáspora em Trânsito no Sair da Grande Noite, uma festa que celebra expressões artísticas e culturais da diáspora africana. A noite contará também com a participação das Batukadeiras Bandeirinha da Boba, Antonyo Omolu, Danykas DJ, Indi Mateta. Rodrigo Saturnino e Sara Graça (PETRA.PRETA).