A revolução criativa

Haverá terreno mais fértil para a criatividade do que a insatisfação social? Acredito que não. Da mesma forma como creio piamente que poucas mudanças – sociais, económicas ou culturais – surjam de momentos de tranquilidade ou de serenidade. Os tempos mais recentes têm sido pautados por isso mesmo: por uma questionamento social que leva a que mentes mais irrequietas, curiosas e questionadoras se manifestam. Pablo Ruiz Picasso, o artista que produziu mais peças na história, criou Guernica no meio da Guerra Civil Espanhola, em 1937.

A pandemia do covid-19 fechou muitos negócios mas deu espaço a milhares de criativos que ganharam um novo destaque, exploraram novas plataformas e reinterpretaram tantas outras. Momentos de crise são estimulantes; há quem diga que se escreve para não esquecer, eu acredito que se crie para eternizar.

De forma muito imparcial e muito clara, é de louvar a rapidez com que, um pouco por todas as províncias, surgiram músicas, memes, videos e interpretações do que se estava a pensar.

Relacionando as plataformas e os formatos que alguns criativos escolheram para se expressar com o universo da publicidade, deveríamos pensar que são estes os canais que privilegiam, logo, se uma marca, uma organização ou uma entidade quer falar com este público, são estes canais que deveriam escolher.

Que estes momentos sejam esclarecedores. Os meios (e as mentes) criativos deixaram de estar dentro de prédios; as artes deixaram de sair de computadores. O processo criativo está em revolução: criamos de barracas, sem horários, a partir de celulares e no dialeto que nos fizer mais sentido.