AFROZIL reúne MCs do Brasil, Senegal e Gâmbia e lança vídeo de “NEVER GIVE UP”

A linguagem da música é universal. Isso já foi comprovado diversas vezes, porém, sempre é necessário  reafirmar que a língua não é nem pode ser uma barreira para que artistas de países distintos se conectem. Seguindo essa premissa, o produtor musical Renato Parmi fez a ponte entre Senegal, Gâmbia e Brasil para criar o projeto AFROZIL. “Eu sou muito ligado na espiritualidade e tive algumas experiências muito especiais nesse processo. As coisas foram se encaixando de maneira muito natural”, diz ele à BANTUMEN. “NEVER GIVE UP”, um AFRODRILL, como o próprio define, é a carta de apresentação do que estará presente no álbum que ganhará o mundo no segundo semestre de 2024. Para interpretá-la, Parmi convidou o senegalês Anas Juulo, Lion King, da Gâmbia, e os brasileiros Malcolm VL e Tonyyymon.

“O Anas está em praticamente todo o projeto, porque foi quem me recebeu em Senegal”, afirma. “Na Gâmbia, fomos recebidos pelo pessoal da Autentic Music Production e todos os artistas deles estavam na casa. Gravamos com todos eles e fomos escolhendo. O Malcom eu já tinha trabalhado e fiz o convite para ele quando o encontrei numa festa afro em São Paulo. E o Tonyyymon foi o (produtor) Rico Manzano, da Central Studio, que me apresentou e falou do talento dele com as palavras.

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Mesmo interpretada em idiomas e dialetos diferentes, a música produzida em Serekunda, na Gâmbia, fala sobre o poder do trabalho como forma de conquista e transformação, e também protesta contra as violências históricas vividas por pretos e indígenas. Antes de começar a sessão, Renato explicou aos convidados que o objetivo era fazer uma conexão da musicalidade brasileira e africana de uma maneira não tradicional. “Sugeri então que também escrevessem coisas do cotidiano, das verdades que enfrentamos no mundo hoje em dia”. Na sequência, Anas começou o verso cantando “viemos a Gâmbia, a costa sorridente da África” (como é conhecido o país), porque eles tinham feito uma viagem de carro de Dakar (Senegal) para Banjul (Gâmbia), o que durou pouco mais de 6 horas. Já Lion King fez o refrão, que é sobre criar as oportunidades e trabalhar bem para vencer na vida.

Quando voltou ao Brasil, o produtor lapidou o que tinha captado e chamou o rapper Malcolm VL. “Os avós dele são africanos e acho que rolou essa sinergia”, ressalta. “Ele topou na hora”. Depois, Parmi marcou outra gravação com Manzano, que apresentou o Tonyyymon. “Eu gostei muito e, como estava pensando em colocar mais um artista nessa música, fiz o convite”, observa. “Gravamos o Malcolm e o Tonyyy juntos. Foi surpreendente pra mim. Ele falou dos povos indígenas e fez todo sentido. A música virou mesmo AFROZIL, porque o Brasil é essa mistura de povos, mas antes de tudo estão os povos indígenas, nativos da América”.

Para o videoclipe foi necessário uma força tarefa para que cada MC fizesse o seu registro de uma forma que todos, no final, se complementassel. “Foi gravado em vários dias e locais diferentes, com a colaboração de vários diretores e filmmakers. Tentamos usar sempre a mesma câmera com a mesma configuração, o que nem sempre foi possível, mas os profissionais envolvidos acreditaram no projeto e colocaram 100 % de dedicação e amor para que isso pudesse ser feito”, revela Parmi, que fez a direção remotamente. Ao final, todas as partes foram juntadas pelo Premier King, que fez a edição do vídeo.

Pela dificuldade na comunicação e acesso, principalmente com os gambianos, o projeto AFROZIL demorou dois anos para ser concluído. No total, o disco terá 10 músicas. Renato Parmi afirma que esse pode ser o primeiro de uma série que pode ser estendida para outros países. “Isso me fez crescer como ser humano, enxergar além do que eu conseguia e acho que vai ajudar muita gente a enxergar além do horizonte. Foi mesmo um encontro muito pessoal pra mim e quero que o público tenha essa mesma sensação. One World, one love!”