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O primeiro dia da edição 2025 do Atlantic Music Expo (AME), esta segunda-feira, 7 de abril, marcou uma nova abordagem no programa do evento ao estrear, pela primeira vez, uma conferência logo na abertura oficial. Com mais de 400 profissionais inscritos, dez conferências, 22 concertos e três after-parties, o AME reforça-se como um dos principais encontros da indústria musical e criativa na África Ocidental e na lusofonia.
A conferência inaugural teve como tema central a importância da comunicação no crescimento artístico. Subiram ao palco a fundadora da BANTUMEN, Vanessa Sanches, a fundadora da agência criativa Hausdown, Ana Rita d’Almeida, a agente cultural Jenny Spencer Medina e o artista multi-instrumentista cabo-verdiano Dieg. A conversa, moderada em tom de partilha e provocação, destacou que comunicar é tão essencial como criar, e que, sem uma estratégia clara, o talento corre o risco de permanecer invisível. Mesmo num cenário marcado pela saturação de conteúdos e pelo excesso de estímulos digitais, é possível criar uma presença online autêntica, consistente e intencional, capaz de abrir portas e gerar rendimento. A ausência de equipas ou recursos não deve ser um obstáculo, como demonstrado pelo próprio Dieg, que tem desenvolvido de forma orgânica e independente a sua imagem digital.
A sessão contou com uma plateia cheia, entre público geral e figuras relevantes do meio cultural cabo-verdiano, como a vereadora da cultura da ilha do Sal, Viviana Mendes, o realizador Fábio Tésti, o diretor do CNAD Artur Marçal, o diretor do AME Benito Lopes e a diretora–geral das Artes e das Indústrias Criativas, Vandrea Monteiro.
Ainda no primeiro dia, realizou-se o painel PROCULTURA: “Capacitação, Profissionalização e Internacionalização no Setor Cultural e Criativo”, que reuniu especialistas portugueses e dos PALOP para debater os caminhos de fortalecimento das indústrias criativas. A conversa foi moderada por Guilherme Bragança, assistente técnico do PROCULTURA para Cabo Verde e Guiné-Bissau, e contou com as intervenções de Ivanildo Fernandes, diretor de Planeamento, Orçamento e Gestão do Ministério da Cultura; o professor Vladmir Ferreira, coordenador dos cursos culturais PROCULTURA na Uni-CV; Conceição Delgado, coordenadora do projeto Música Gera Cultura, Música Gera Economia; e Felícia Silva, produtora e gestora do projeto Marimba.
Entre os tópicos abordados estiveram a urgência de formar quadros especializados, a valorização do conhecimento técnico no setor cultural, e a importância de garantir que a internacionalização das indústrias criativas vá acompanhada de uma estrutura sólida e sustentável. Os intervenientes destacaram também a necessidade de políticas públicas que incentivem a profissionalização artística, assim como o papel dos projetos comunitários na promoção da cultura como motor de desenvolvimento económico.
Outro momento marcante do dia foi a intervenção da artista e ativista cultural Solange Cesarovna, que apresentou a plataforma CLIP – Creators Learn Intellectual Property, da qual é embaixadora a nível internacional. Desenvolvida pela WIPO for Creators, um consórcio liderado pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), CLIP é uma plataforma de conhecimento dedicada a criadores de todas as disciplinas artísticas, com o objetivo de os informar e capacitar em torno dos seus direitos de propriedade intelectual.
Inicialmente lançada com conteúdos específicos da indústria musical, a plataforma prevê uma expansão futura para áreas como a literatura, o audiovisual, as artes dramáticas e visuais. Nela, os criadores podem aceder a vídeos com insights de especialistas, conteúdos explicativos sobre os direitos autorais e mini-quizzes para testar os seus conhecimentos.
Na apresentação, Cesarovna reforçou a importância de os artistas compreenderem a cadeia económica da qual fazem parte, apelando a uma maior literacia empresarial e à responsabilização ativa dos profissionais da cultura. A introdução da CLIP no contexto do AME surge como resposta concreta à necessidade de ferramentas acessíveis e eficazes que ajudem os artistas a tomar decisões informadas, garantindo reconhecimento e compensação justa pelo seu trabalho.
A sublinhar que, o AME é uma plataforma de partilha de conhecimento e capacitação, que aproxima artistas locais de profissionais internacionais e posiciona a cultura como um dos maiores ativos estratégicos de Cabo Verde. Ao promover encontros entre criadores, programadores, curadores e especialistas, o evento funciona como alavanca para a internacionalização do talento cabo-verdiano, reforçando o papel das artes como um dos principais motores económicos do país. Segundo a Euronews, a música é atualmente a principal exportação de Cabo Verde, superando até o setor das pescas. Já a France24 aponta que cerca de 25% dos empregos no arquipélago estão ligados à música e às artes performativas. Este festival e ciclo de conferências, ao atrair agentes culturais de todo o mundo, continua a fortalecer essa realidade, movimentando não só o setor artístico como também o turismo, a hotelaria, a restauração e os pequenos negócios locais.
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