Arquivo Digital Negro lança ação para visibilizar corpos negros em instituições culturais

Um retrato, uma memória e um espaço cultural. Foi assim que o Arquivo Digital Negro (ADN) deu início à sua primeira ação pública, no passado dia 5 de abril, no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. A iniciativa teve como objetivo central visibilizar e registar a presença negra em instituições culturais, num gesto simbólico e político que desafia a invisibilidade histórica da experiência negra em Portugal.

A ação decorreu no contexto da exposição Coro em Rememória de um Voo, do artista Julianknxx, e consistiu num convite feito a visitantes negros para tirarem um retrato com um fotógrafo profissional e escreverem uma memória pessoal, uma lembrança para o futuro sobre algo ou alguém que queiram recordar com amor. As contribuições recolhidas vão integrar a coleção inaugural do Arquivo, intitulada Memória de Um Futuro Presente.

Com entrada livre e lotação limitada, a ação decorre novamente no dia 4 de maio, entre as 14h e as 18h, no átrio do mesmo Centro de Arte Moderna. A ideia é continuar a construir um repositório vivo e comunitário de memórias negras em Portugal, reforçando a importância da representatividade em espaços historicamente marcados por exclusões.

A curadoria da coleção está a cargo do artista e investigador Jesualdo Lopes, também membro da equipa responsável pelo programa público associado à exposição de Julianknxx. A coleção será futuramente disponibilizada numa plataforma digital, atualmente em desenvolvimento, e com lançamento previsto para ainda este ano.

O ADN é um projeto coletivo de artistas multidisciplinares que se dedica à preservação, documentação e valorização da vivência negra em Portugal e noutros territórios da diáspora. Ao incentivar que pessoas negras se vejam e sejam vistas em instituições culturais, o Arquivo propõe-se a reescrever narrativas e a inscrever corpos e memórias negras no tecido cultural português de forma permanente e visível.