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MIA 2024

Artistas visuais dos PALOP a ter atenção em 2024

28 de Janeiro de 2024
Artistas visuais dos PALOP a ter atenção em 2024

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Na efervescente arena das artes visuais, os artistas dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) estão a emergir como forças criativas de destaque, com uma frescura e uma perspetiva únicas no cenário global. Recorremos assim à opinião de Paula Nascimento, elemento vital do atual universo artístico visual global, para percebermos que nomes de sangue PALOP devemos reter e seguir com atenção neste novo ano, considerando o seu potencial de crescimento nos cenários locais e/ou globais.

Yuran Henrique 🇨🇻

Natural de São Vicente, Cabo Verde, é um artista multifacetado especializado em pintura, ilustração e arte urbana. Em 2017, ganhou destaque com a exposição “Reverso” no Palácio de Cultura Ildo Lobo e participou na VIII Bienal de Jovens Criadores da CPLP, no âmbito da XIX Bienal Internacional de Artes de Cerveira (Portugal). No ano seguinte, as suas obras foram exibidas no Centro Atlântico de Arte Moderna em Gran Canária e na XII Conferência dos Chefes de Estado da CPLP. Também ilustrou o projeto “Passaporte Literário”, da Embaixada do Brasil em Cabo Verde. Em 2019, Yuran marcou presença em várias exposições coletivas e foi um artista convidado no VI Workshop de Arte Urbana do Projeto XALABAS (parceria com o fotografo Nenass Almeida), além de participar em residências artísticas nacionais e internacionais. Desde 2018, atua como cartoonista para o jornal cabo-verdiano Expresso das Ilhas.

Sandra Poulson 🇦🇴

É uma artista interdisciplinar angolana. Cresceu em Luanda, Angola, e mudou-se para Lisboa em 2013 para estudar Design de Moda, na Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa. Em 2014, mudou-se para Londres, onde estudou no London College of Fashion e completou um BA Fashion Print no Central Saint Martins.

O trabalho da artista aborda a paisagem política, cultural e socioeconómica de Angola como um estudo de caso para analisar a relação entre História, tradição oral e estruturas políticas globais, visando compreender abordagens apropriadas do near-south” (quase-sul).

Com abordagens autoetnográficas e arqueológicas, a sua prática utiliza conhecimentos familiares e sociais para desmantelar fluxos contemporâneos da realidade em Angola através de estudos semióticos de objetos (culturais) comuns, como itens domésticos, enquanto atores em transformações políticas e culturais contínuas. O que, inerentemente, leva as questões levantadas pelo trabalho ao exercício de decolonialidade. Entre outros meios, o seu trabalho utiliza tecido, cimento, madeira, filme e hiperdocumentação, olhando para “coisas em proximidade com o corpo”: a cidade, poeira, cerveja, vestuário, entre outros.

Verkron 🇦🇴

Desde 2011, Verkron é a união de cinco artistas multidisciplinares – Irad, Resem, Mac, Jafeth e Hemak. Este coletivo forma um movimento surrealista, mergulhando nas correntes afro-surrealistas e afro-futuristas através de expressões artísticas como graffiti, neo-muralismo, fotografia, vídeo e instalações.

Verkron representa uma abordagem mística e radicalmente imaginativa da arte, vista como um estilo de vida. Cada artista é considerado uma “parte de um todo”, profundamente engajado na experiência de colaboração, criação e expressão coletiva. O trabalho do coletivo cria espaços que evocam utopias piratas ou zonas autónomas temporárias, destacando os elementos metafísicos das diferentes culturas africanas, frequentemente ignorados nas narrativas predominantes da sociedade angolana contemporânea.

Para o grupo Verkron, a arte transcende a mera visualidade, tornando-se uma manifestação profunda da existência, um instrumento de aprendizagem, uma forma de resolver contradições paralisantes e um meio de transformar a percepção do mundo.

Toy Boy 🇦🇴

O estilo artístico do artista é caracterizado pela documentação fotográfica da urbanização de Luanda e os efeitos que esta tem nas concepções de comunidade e família. Toy Boy nutre uma relação profunda e experiencial com a cidade de Luanda, utilizando o dia a dia da cidade como fonte de inspiração para a sua arte. O seu trabalho já foi exibido em vários espaços culturais em Angola e internacionalmente, incluindo na African Studies Gallery, em Israel, entre outros locais.

Marilu Mapengo Namoda 🇲🇿

É uma artista que se dedica à política de dar à luz futuros possíveis. A sua pesquisa explora a possibilidade de políticas de amor para curar feridas coloniais nas suas múltiplas expressões de racismo, machismo e classismo. Através de formatos híbridos diversos, a sua prática entrelaça linguagens da arte performativa, astrologia animista, contação de histórias, símbolos de escrita Bantu e rituais de cura. O seu trabalho foi exibido em diversos eventos, incluindo o Festival de Santarcangelo (Santarcangelo, 2022), Festival Spielart (Munique, 2021), Kaserne Basel (Basileia, 2021) e Festival de Direitos Humanos Entretodos (São Paulo, 2019), entre outros.

Michel Onésio 🇲🇿

Destaca-se pela sua habilidade em proporcionar visibilidade e humanização àqueles que são invisibilizados, explorando isso através da liberdade e expressão. As obras de Onésio são um reflexo de emoções. O seu estilo é impulsivo, espontâneo e enquadra-se no expressionismo abstrato. Na sua arte, une escultura, pintura e design, trabalhando predominantemente com carvão, tintas a óleo e materiais metálicos.

Fidel Évora 🇨🇻

Fidel Évora, nascido na Cidade da Praia, Cabo Verde, em 1984, foi criado no Barreiro, Portugal. Foi neste ambiente que teve o seu primeiro contato com a arte de rua e o graffiti. Estudou Design Gráfico e Motion Graphics, mas foi em 2011, ao participar de uma exposição coletiva com a sua obra conceitual “Exumação da Liberdade”, que Fidel amadureceu a sua abordagem como artista plástico. Apaixonado por artefatos antigos que trazem à tona memórias importantes para a identidade coletiva atual, e dividido entre as linguagens antagónicas da cultura urbana e das artes académicas, Fidel tem desenvolvido a sua própria linguagem, criando diálogos que são intencionalmente ou acidentalmente esquecidos. Já participou em exposições coletivas e performances, em Portugal, Reino Unido

Tem participações em exposições coletivas e performances, começando com a exposição “After the Utopia a view on the Portuguese Freedom Day” na Acquire Arts Gallery em Londres em 2011. Outros marcos incluem a exposição coletiva Glocal Wozen em Lisboa (2016), Alter Ego em Macau (2018), e a performance “Schubert – Viagem de Inverno” (2020). Desde 2008, faz parte do coletivo Antagonist Movement, sediado em Nova Iorque. Participou no documentário “The Dolls of Lisbon” de Ethan H. Minsker (2011) e em várias outras exposições coletivas, incluindo “N’A Gráfica – Centro de Criação Artística” (2020), “Ephemeral Eternal – NFT group show” (2021), “Linha Imaginária – MU.SA Museu de Artes de Sintra” (2021) e “de Dentro e Fora – Coletiva de Artistas de Cabo Verde – UCCLA” em Lisboa (2021).

Lubanzadyo Mpemba Bula 🇦🇴


Nascido em Angola em 1989, é um artista transdisciplinar que trabalha com vídeo-arte, fotoperformance, performance e documentário. O seu trabalho explora temáticas como migração, gentrificação urbana, violência institucional e memória coletiva. Com uma formação diversificada, Lubanzadyo estudou Estudos Curatoriais, Cinema e Pintura em Movimento e possui formação técnica em Cinema com ênfase em Direção de Documentários.

A sua pesquisa abrange a Fotografia Documental e a Gentrificação Urbana, refletindo um forte compromisso com questões sociais e urbanas contemporâneas. Lubanzadyo Bula é um artista que utiliza a sua vasta formação académica e experiência profissional para criar obras que dialogam profundamente com as dinâmicas sociais e culturais do mundo moderno.

Além disso, Lubanzadyo é graduado em Direito, tendo trabalhado em advocacia em tutelas coletivas e imigração. Prosseguiu os seus estudos em cinema documental no Instituto de Cinema de São Paulo, focando em Direção, e em Cinema e Pintura em Movimento no Museu da Imagem e do Som de São Paulo (Brasil).

Osias André 🇲🇿

De Moçambique e vive atualmente em Portugal. Começou a pintar aos 8 anos e desenvolveu a sua carreira artística inicialmente através da ilustração gráfica, produzindo uma coleção de livros. Para ele, a ilustração proporciona uma experiência mais imediata e direta, enquanto a pintura exige uma apreciação mais lenta e reflexiva. Os lugares por onde passou, incluindo a instituição que o acolheu como órfão e os caminhos que o levaram a Lisboa, influenciaram profundamente o seu processo criativo. No seu trabalho, surgem corpos, flores e formas que compõem uma estética delicada e incomum, com silhuetas coloridas e contornos clássicos, evocando as sensibilidades de um território desconhecido. Suas pinturas permitem uma visão única das figuras corporais, desprendendo-as de identidades de género fixas e explorando o que existe além da representação física.

Pamina Sebastião 🇦🇴

Artista multidisciplinar com foco na criação de um arquivo artístico e cultural que aborda temas de morte/descolonização e reimaginação de um corpo queer em Angola. A sua pesquisa explora a possibilidade de não apenas desmontar o corpo, refletindo sobre o trauma colonial e o caminho para a descolonização como uma forma de desconstruir o corpo como um local de inscrição, mas também de propor novos espaços de cuidado. Esta abordagem explora a construção de um imaginário onde outras formas de existência “corpórea” sejam possíveis, centradas numa estrutura de cuidado inclusivo para todos. Até agora, esta proposta tem estado ligada ao potencial revolucionário dos cogumelos e das plantas.

O trabalho de Pamina está intimamente ligado a questões de justiça social, com um enfoque especial no ativismo de género e sexualidade. Isto é resultado da sua participação em vários coletivos LGBTIQ, feministas e artísticos que co-criou e dos quais faz parte

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