Dara Haniel, entre a liberdade, a arte e o palco

26 de Abril de 2025
Dara Haniel entrevista
Dara Haniel fotografada na cidade da Praia, em Cabo Verde. Abril de 2025 | 📸 BANTUMEN

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Dara Haniel é um nome que começa a circular num sussurro entre palcos e bastidores, mas que rapidamente ganha força entre quem acompanha de perto a nova geração de artistas afrodescendentes. Tem 22 anos, nasceu em Lisboa, cresceu na Guiné-Bissau, e está a construir um percurso artístico tão sólido quanto sensível, entre a música, a performance e a afirmação de uma identidade feita de diásporas e raízes profundas.


Em abril de 2025, Dara pisou o palco do Atlantic Music Expo, na cidade da Praia, como parte do projeto Kantigas di Liberdadi (Canções de Liberdade), ao lado da cantora e compositora Karyna Gomes, que, além de referência musical, é também a sua mãe. “É uma honra estar aqui com ela. Cantar com a minha mãe, num evento como o AME, é um momento muito especial”, contou-nos a artista.


Apesar de jovem, Dara já tem um percurso artístico consistente. Começou a dar os primeiros passos sérios na música em 2022, quando integrou o Gospel Collective, coro de Lisboa com quem tem vindo a colaborar em vários contextos, incluindo na performance internacional O Barco, da artista Grada Kilomba, apresentada em Londres e no Brasil.


Mas há algo que se destaca no seu caminho: a forma como alia talento artístico a uma consciência social e cultural clara. Em 2023, foi apresentadora e narradora do documentário “Guiné-Bissau: A Minha Identidade”, emitido pela RTP África, no âmbito dos 50 anos da independência do país. Um projeto que, como tantos outros em que tem participado, liga arte, história e pertença.


“Cantar a liberdade” é uma ideia que percorre o seu discurso, mas também o seu corpo em palco. Em 2024, participou no espetáculo “Cantar para Melhor Agir”, integrado no Festival Língua Terra, e no projeto O Cancioneiro Guineense, ambos com direção artística de Karyna Gomes e realizados no emblemático B.Leza, em Lisboa. “Sinto que estas músicas, estas palavras, estas melodias, falam de nós, da nossa luta, da nossa beleza. E estar em palco a partilhá-las é quase uma missão.”


Com uma licenciatura em Estudos Africanos pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Dara traz à sua prática artística uma dimensão crítica e reflexiva. Em maio de 2024, participou numa formação intensiva na Universidade de Bolonha, Itália, sobre literatura africana na diáspora europeia, no âmbito do programa Erasmus BIP - Comunicare La World Literature. “Foi uma semana intensa, com várias perspetivas sobre o que é ser africano no mundo. Saí de lá com mais certezas, mas também com mais perguntas. E é isso que me move.”


Nas redes sociais, especialmente no Instagram, onde assina como @darahaniell, vai partilhando os seus passos, projetos e ensaios. “É onde atualizo tudo o que está a acontecer comigo, os concertos, as colaborações, e em breve, a minha música original.”


Sim, vem aí música nova. Ainda não há datas, mas a artista garante que está a trabalhar em temas que unem a tradição musical da Guiné-Bissau, as experiências de vida na Europa, e as múltiplas camadas que habitam dentro de si. “Estou a chegar doucement, como dizem em francês. A música vai saindo no seu tempo, mas quando sair, será com verdade.”


Enquanto isso, segue-se o palco. Segue-se a escuta. Segue-se a palavra e, com Dara Haniel, cada palavra tem lugar, intenção e raiz.

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