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É já na próxima terça-feira, dia 27, que Lisboa recebe o concerto “L’USAfonia – The Soul of Black History Month”, uma iniciativa que celebra a cultura afro-americana, organizada pela Embaixada dos Estados Unidos, em colaboração com a Câmara Municipal de Lisboa e o Teatro São Luiz, no âmbito do Mês da História Negra, que, todos os anos, em fevereiro, é celebrado nos EUA e nas embaixadas do país espalhadas pelo mundo.
“A ideia da L’USAfonia surgiu como uma oportunidade para realçar as histórias comuns das comunidades afro-descendentes portuguesas e americanas – histórias que partilham as lutas da escravatura e dos direitos humanos, do combate racismo e ao preconceito”, conta Randi Charno Levine, embaixadora norte-americana em Portugal, à BANTUMEN.
Com o objetivo de honrar esse contributo, a embaixada convidou vários músicos luso-africanos a interpretar temas do cancioneiro afro-americano, dos anos 60 e 70. “A música negra americana, quer seja gospel, blues, jazz, soul, R&B, funk ou hip hop, sempre disse verdades difíceis”, considera a diplomata. “É exatamente por isso que tem ressoado em mim como a banda sonora da justiça racial, não só nos EUA, mas em todo o mundo.”
Nesta segunda edição do concerto L’USAfonia, menciona, estará representado todo o espectro lusófono. Alex D’Alva Teixeira, Amaura, Anastácia Carvalho, Djodje Almeida, Gabe, Gospel Collective, Héber Marques, Karyna Gomes, Matay, Mirza Lauchand, Nayr Faquirá, NBC, Orlanda Guilande, Raissa, Selma Uamusse, Soraia Morais e Vicente Augusto compõem o grupo de artistas que vão subir ao palco do São Luiz na próxima terça-feira.
A estes nomes junta-se ainda o de Laurin Talese. A referência norte-americana do jazz também atuará no evento, que integra a Iniciativa Global de Música e Diplomacia do Departamento de Estado dos EUA, com o propósito de “unir as pessoas em todo o mundo através do poder da música americana.”
Para Levine, “uma das melhores formas de comunicar com as pessoas é através de paixões comuns como a arte, a música, a dança e o desporto”. É por isso que, desde que foi nomeada, pelo presidente Biden, em novembro de 2021, tem investido esforços para juntar portugueses e americanos em torno destes temas. “Fizemos uma série de programas neste sentido, desde a diplomacia hip-hop à diplomacia desportiva, passando pela exposição de arte Celebrating Diversity na minha residência oficial – e agora este concerto fantástico.”
Sobre a luta dos afrodescendentes portugueses por uma maior visibilidade e representação em vários domínios da sociedade, Levine considera que “hoje em dia, não há nenhuma área de negócios, académica, industrial, política ou de entretenimento em que os afrodescendentes não estejam representados.” No entanto, refere, “ainda há uma luta pela paridade e liderança aqui e em muitas partes do mundo. Todos nós temos trabalho a fazer nesta área”.
E devia o país contemplar a adoção de um Mês da História Negra também? Perguntamos. Randi Levine responde que é uma experiência que pode servir de inspiração. “Desde a década de 1920, cidades de todos os Estados Unidos realizam feiras para reconhecer as contribuições dos negros americanos locais para a história e a cultura americanas. Finalmente, após anos de persistência, o Mês da História Negra foi formalmente estabelecido em 1976 e tem sido celebrado desde então”, relata, sublinhando ainda que o país celebra também o Mês da Herança dos Nativos Americanos, em novembro, ou o Mês do Património Hispânico, em setembro. “Esta é a experiência americana – e se puder servir de inspiração – temos todo o prazer em partilhá-la.”
Sobre este ponto, o artista Dino d’Santigo, em declarações à BANTUMEN, diz-se impressionado com o facto de o Mês da História Negra ter sido reconhecido pelo governo norte-americano há mais de meio século. “Adoro a ideia de que, todos os anos, os afrodescendentes sejam celebrados e destacados – tal como a BANTUMEN tem feito na sua plataforma , todos os meses de novembro, para o mundo lusófono. “ chama a atenção para o valor das nossas contribuições em todos os níveis da sociedade”, afirma.
Relativamente ao L’USAfonia 2024 – que será transmitido em direto, online, pela BANTUMEN –, o músico sublinha a importância da iniciativa, considerando que têm sido “raras” as oportunidades para músicos profissionais pan-lusófonos se reunirem num único palco, com o objetivo de representar a diversidade e unidade dos artistas. “Esta mensagem de unidade na diversidade é especialmente relevante dados os desafios coletivos que o mundo enfrenta: quando reconhecemos o valor de todas as contribuições, ajudamos a elevar toda a nossa sociedade”, defende. “A L’USAfonia do ano passado foi comovente, educativa e genuinamente alegre para todos os envolvidos. Sei que este ano será ainda melhor e estou muito orgulhoso de apoiar este esforço.”
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