Fénix tanto correu atrás que agora vai à Nova Iorque Fashion Week

Por aqui, já te demos a conhecer Maura de Carvalho, a empreendedora por trás da marca Fénix. A fashion designer está num dos momentos mais altos da sua jornada empreendedora, ao revelar que foi convidada para participar na semana da moda de Nova Iorque (NYFW), uma das mais importantes da indústria.

Sem revelar detalhes de como se vai concretizar esse feito, a conquista foi anunciada através das redes sociais da empreendedora, que indicou que a proposta surgiu no decorrer da semana da moda de Paris, no início deste mês.

A possibilidade de mostrar a sua marca em Nova Iorque, num dos eventos mais esperados da indústria, a nível global, é um sonho de longa data de Fénix – como também é conhecida Maura. “Acredito que todo o meu percurso dirigiu-me para este caminho. Desde que me conheço como empreendedora que o meu sonho é este, o de fazer parte da NYFW”, disse em entrevista à BANTUMEN.

Depois de vários anos a trabalhar a solo na confeção, venda e promoção da marca, a bloguer, fashion designer e empreendedora acredita que este é o salto que a marca precisa para exportar o seu nome e criar maior notoriedade e credibilidade nos mercados onde já atua. “A Fénix já está numa fase em que não quer holofotes, não quer fama, já não quer ser só conhecida. A Fénix está numa fase em que precisa de dinheiro, por isso é que digo que o percurso para lá estarmos é muito longo. Porque a estratégia que tenho de venda lá em Nova Iorque também é muito grande. É um palco mundial, a Fénix poderá ser vista por muitos famosos, em muitas revistas, por muitos stylists e muito bons compradores. Estamos a falar de uma das melhores economias e dos melhores clientes que existem. Já vivi nos EUA e sei como o público é lá e como é a demanda. É um dos melhores públicos para se fazer e vender moda”, assevera.

“Em termos de oportunidades, são todas as que qualquer estilista bem posicionado e mentorado sonha ter. É a oportunidade de conseguir vender lá, de conseguir parcerias com marcas com e-commerce que possam vender lá as peças da Fénix, lojas físicas dispostas a vender a Fénix e, por acaso, já temos uma em vista. E também, para ser sincera, é ter o respeito que eu sempre precisei ter cá . Um respeito que sinto que ainda não tenho cá e as pessoas, vendo a Fénix ir para Nova Iorque, é ver a Fénix a subir de patamar, no que diz respeito ao empreendedorismo, marca e produto e também na pessoa da Fénix”, explica.

A proposta para levar as suas peças para a montra nova-iorquina aconteceu durante a semana da moda de Paris, viagem em que Fénix investiu como instrumento para chegar à meta a que se propôs. “Esta proposta surge pela ousadia que tive de estudar muito os mercados, as estratégias e decidir ir para Paris. Fui para a primeira semana de moda, em janeiro deste ano. Fui às cegas mas sabia que a partir de lá conseguiria alguma coisa para depois ir para Nova Iorque”, avançou.

Mesmo que o plano não corresse como o idealizado, a opção b já estava a ser traçada. A jovem angolana a viver em Portugal já tinha decidido que haveria de começar a preparar-se para investir na viagem para os Estados Unidos em Setembro. “Eu já tinha a intenção de ir para Nova Iorque, mesmo sem proposta, na primeira temporada das semanas de moda, que começam em setembro. Tanto que já pedi o meu visto.”

Contudo, a sua estratégia não só aconteceu como queria, como aconteceu mais cedo do que o previsto. Fénix acredita que assim foi muito graças à sua necessidade de manifestar o que pretende. “A proposta surge da minha atitude em dizer ‘”eu mereço mais e vou trabalhar por mais’.”

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Se em janeiro, Fénix esteve na capital francesa para criar uma rede de contatos, em março, a empreendedora voltou à cidade da moda e da luz para criar resultados. Mas a estratégia definida acabou por sofrer alguns imprevistos. Com um orçamento limitado, Fénix alugou um carro para poder deslocar-se à vontade pela cidade e nos eventos à margem da Fashion Week, mas algo correu mal. Um dos seus objetivos era participar num importante evento num dos hotéis Hilton mas, devido a vários imprevistos, acabou por não poder suportar os custos de participação. Não se dando por vencida, acabou por participar num outro evento, de menor dimensão e de entrada gratuita. Foi o seu bilhete premiado para Nova Iorque. “Era um evento mais minimalista, mas fui na mesma com o vestido que fiz para ir no outro evento”, disse.

O longo vestido, todo ornamentado com folhas douradas, captou a atenção da organização. “Uma senhora olhou para mim e perguntou-me se eu era modelo. Eu disse que sim e que fui eu quem fez o vestido. Quando o disse, ela falou ‘wow, preciso falar contigo depois do evento’. Trata-se da Lan of Fashion, uma empresa de organização de showcases e outros eventos de moda, com base em Nova Iorque, e com ligações à principal Fashion Week norte-americana. “Foi simples assim e ela apresentou-me para o resto da produção, que são dois irmãos do Haiti, negros, e marcamos duas reuniões para o dia seguinte para acertarmos tudo. Está tudo organizado e fechado para ir para Nova Iorque. Não pago para ir ao evento, mas pago todas as minhas despesas de viagem e alojamento”.

2023 marca assim um novo pontapé de partida para a marca Fénix, que agora é oficialmente uma empresa formalizada, depois de vários anos de atuação de forma informal.

“Eu sempre tive amigos empreendedores que sempre me contam a outra fase do empreendedor declarado. Temos vantagens mas também temos desvantagens. E se não estivermos concentrados ou bem psicologicamente para gerirmos a nossa empresa no âmbito tributário, podemos estar a dar um tiro no pé”, assegura. “Então, primeiro, preferi organizar a minha vida pessoal, psicológica, emocional e espiritual, para depois organizar a minha vida profissional. E foi isso que aconteceu. Organizei-me pessoalmente em todos os sentidos e depois é que fui então declarar a Fénix, finalmente. Mas foi basicamente por isso, por uma questão mesmo de organização e de querer que a minha vida daqui para frente seja organizada, sem mais chatices sem mais dívida com o Estado”, acrescentou, terminando que “como pessoas adultas e empreendedoras, temos de fazer as coisas de forma premeditada e estratégica, senão a vida engole-nos”.

Atualmente, a sua equipa é constituída por um advogado, contabilista, uma assistente e uma costureira, porque “hoje, é impossível, para a demanda que a Fénix tem, caminhar sozinha. Até porque ninguém se constrói sozinho”.

Durante o ano, a marca promete dar mostras dessa organização. As primeiras impressões deverão chegar durante o verão europeu, com uma nova estampa exclusiva Fénix, que vai estar presente no vestuário, acessórios, site e merchandising. “Vou lançar tudo de uma vez. Quero que tudo tenha o mesmo visual que a estampa da roupa e estou a trabalhar em variadíssimos projetos. Eu tinha de ir para o Brasil para fazer um curso de noivas e acho que já não vou porque Nova Iorque vai acabar com o meu bolso. É do estilo do vestido dourado para cima. A Fénix, a partir de agora, tem de replanificar tudo de novo. Porque tudo tem de estar ligado à semana de moda de Nova Iorque. Quero que os clientes que entram no meu site tenham acesso ao mesmo nível do que eles procuram. Tudo tem de estar à altura.”

Com pelo menos um sonho em vias de ser realizado, está na hora de começar a construir o próximo sonho. “É o mesmo de todo o ser humano, que é comprar a minha casinha. E até setembro, preciso que esteja tudo organizado. Não tenho patrocinadores, vou ter de financiar tudo sozinha, Nova Iorque é uma cidade cara, a coleção que vou levar… vou trabalhar sem parar até setembro para conseguir tudo isso e até dezembro comprar a minha casa”.