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Gezy A, um ano de música e dois álbuns lançados para elevar São Tomé

11 de Setembro de 2024

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Gezy A, nome artístico de Gesiley Antunes, é um cantor natural de São Tomé e Príncipe, que tem vindo a conquistar o seu espaço no mundo da música, sempre com a bandeira das suas ilhas às costas. Após se mudar para Portugal e, mais tarde, para o Reino Unido, lançou o seu primeiro álbum, Já Deu Bum, em 2023, destacando-se pela sua originalidade e versatilidade. Apesar dos desafios enfrentados pelos artistas santomenses, Gezy A acredita no seu talento e ambiciona levar a música do arquipélago a novos patamares, afirmando-se no panorama musical internacional.


Aos três anos, já encantava nas apresentações do jardim de infância, participando em todas as atividades musicais e nas festas do Dia da Criança. À medida que crescia, o amor pela música só aumentava. Anos mais tarde, entre apresentações de karaoke, Gezy A decidiu que era hora de dar um passo em frente e criar as suas próprias canções. Em 2020, montou um estúdio caseiro, que chamou de It’s What It’s ("É o que é", em português). Com este projeto, Gezy A começou a explorar a criação de músicas originais. Três anos depois, lançou o seu primeiro álbum, Já Deu Bum, que rapidamente conquistou o público mais jovem de São Tomé.


A aposta em lançar logo um álbum em vez de singles soltos foi certeira. "Eu poderia realmente ter feito como os outros cantores e ter lançado um single, fazer uma boa promoção do videoclipe e tentar ver se atingiria um público-alvo maior, para me tornar num cantor conhecido... mas quis fazer algo diferente, porque fazer um álbum não é fácil, como sabemos. Temos de compor muitas letras e beats, e eu fiz de tudo para impressionar o público. Ou seja, um cantor novo que, logo no seu primeiro lançamento, trouxe um álbum, e um álbum com muitas músicas boas. E o título já diz tudo", explicou Gezy A.


Gezy A | @BANTUMEN/Celestino BastosGezy A 📸 ©BANTUMEN/Celestino Bastos


Apesar de cantar profissionalmente apenas há um ano, as coisas têm corrido melhor do que o esperado. "No início, estava nervoso sobre como as pessoas iriam reagir à minha música original, mas, felizmente, o resultado tem sido positivo. Sem grandes patrocínios ou apoios, tenho conseguido progredir com o meu próprio estúdio e editora, It’s What It’s. Mas sei que não é fácil para os artistas santomenses destacarem-se, especialmente num mundo da música tão competitivo, dominado por países como Angola, Moçambique e Cabo Verde."


Gezy A lamenta a falta de apoio governamental à cultura santomense, afirmando que muitos grandes nomes da música do arquipélago não recebem o reconhecimento merecido em vida. Apesar disso, o cantor acredita no seu talento e na capacidade de elevar a música santomense a um novo patamar, vendo na competitividade um incentivo. "Acredito que tenho a capacidade e o talento para atingir o nível de outros cantores e para tornar São Tomé e Príncipe mais conhecido no panorama musical", afirmou.


Este incentivo resultou no lançamento do seu primeiro álbum, e, em menos de um ano, lançou o seu segundo trabalho, A Mente da Atualidade. "Tinha muitas músicas que não queria deixar guardadas, porque são hits [para mim]. Decidi lançá-las e partilhá-las com o mundo", afirma.


Durante a entrevista, abordou-se também o papel dos DJs santomenses na promoção da música local. "Os DJs têm um papel fundamental. Deveriam tocar mais música santomense, mas preferem ir buscar sucessos de fora. Isso contribui para a estagnação do nosso mercado. Não podemos depender apenas do governo. A mudança começa com o povo e com os profissionais da música, como os DJs. Temos muitos talentos, como os Calema, que são embaixadores da música santomense, mas que conseguiram sucesso fora de São Tomé."


Com uma visão clara do seu papel como artista, Gezy A não quer ser rotulado como cantor de um só género. "Considero-me um cantor universal. Quero ser capaz de cantar Kizomba, Afrobeat, Afro House, tudo. Quero surpreender as pessoas com a minha versatilidade."


Ambicioso e determinado a vencer, Gezy A quer continuar a evoluir, levar a música santomense mais longe e, quem sabe, tornar-se um exemplo para futuros artistas. "Acredito que um dia poderei ser um caminho para que outros artistas santomenses tenham também a oportunidade de mostrar o seu talento ao mundo."

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