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Guiné-Bissau, liderar a terceira via para libertação é possível

30 de Setembro de 2024
Guiné-Bissau, liderar a terceira via para libertação é possível

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“Já não nos restam elementos de esperança. Vamos ficar sempre assim...”, afirma o taxista, com uma motivação muito baixa, durante uma viagem noturna na capital guineense, um dia antes da comemoração de mais um ano de independência (51 anos).


É legítimo que cada fidju di tchon (filho da terra) tire as suas conclusões sobre como vê o futuro do país, com base na situação atual. Este pedaço de terra, pelo qual Cabral e outros combatentes lutaram para a sua libertação, tem estado a afundar-se cada vez mais num poço sem fundo. Talvez seja esse o caminho necessário para que renasça, como outrora, um país respeitado a nível mundial, que travou a sua própria luta com homens dignos e em plena liberdade.


Para que o renascimento seja possível, é necessário primeiro reconhecer a ausência de algo. Em outras palavras, para que a Guiné-Bissau se torne realmente um país admirado e que orgulha os seus filhos, em diferentes posições profissionais e geográficas, é fundamental desviar-se deste caminho sem retorno.


Se, por um lado, parece que não nos restam elementos de esperança, por outro, há sempre uma segunda via, uma terceira via, uma quarta e assim sucessivamente. No momento atual, já nos resgatámos em dois momentos principais. O primeiro momento foi o erguer-se após a dor e morte do pai da independência, com a vitória na luta de libertação. O segundo momento foi o resgate da nação, embora com imensas vicissitudes, após o conflito político-militar que durou onze meses. Será que o terceiro momento de libertação ocorrerá após a tentativa de dominação das instituições públicas por um ditador? Talvez sim, talvez não...


Há quem acredite que a terceira via passa por: “Primeiro, o povo tem de aceitar votar em massa contra o ditador; e segundo, as tropas têm mesmo de se afastar definitivamente do poder político. Se se afastarem de vez e seguirem os princípios que os regem, seremos capazes de resgatar a nação que desejamos”, afirma outro taxista, na noite do dia da comemoração da independência da Guiné-Bissau, um dia que passou em branco, com avenidas vazias e uma calmaria que causava receio e preocupação, pois não houve nenhum ato oficial do Estado.


Outra solução para um verdadeiro resgate da nação, na minha opinião, está na própria juventude, grupo social do qual faço parte. Embora fragmentada, a unidade que existe – sermos jovens e a maioria em termos percentuais – determinará fortemente o caminho que iremos traçar. Sem oportunismo, nem clientelismo, mas sim com convicção, com conteúdo, com a capacidade de dizer “não” e “sim” no momento certo.


Neste contexto, o FNUAP (Fundo de População das Nações Unidas) na Guiné-Bissau convocou mais de meia centena de jovens (rapazes e raparigas), pertencentes a redes e plataformas juvenis, para uma “Conferência da Juventude para Inclusão e Consolidação da Paz”, com o objetivo de promover uma agenda comum a partir das suas diferentes estruturas de liderança. Além disso, a Tchintchor - Cidadania é Agir reuniu cerca de setenta e cinco jovens na Escola Mandela - Tributo a Amílcar Cabral, sob o mote “Re-teorização do pensamento teórico e prático de Amílcar Cabral”, desafiando-os a reescrever o pensamento de Cabral a partir do contexto atual do país.


Estes dois exemplos, entre outros, são certamente elementos de esperança que poderão guiar o país na terceira via, numa tentativa de recuperar tudo o que nos escapou enquanto nação. O que nos escapou verdadeiramente foi a incapacidade de liderar, quer a nós próprios, quer a fome. Mas, “liderar a fome é possível”, pois “quando estivermos focados em conteúdos interessantes (e urgentes), esquecemos a barriga, e nesse momento preocupamo-nos com a aprendizagem (e resolução das urgências)”, afirma o moderador da Conferência de Juventude organizada pelo FNUAP.


Com os 51 anos da independência, as urgências são tantas que, se quisermos realmente, a fome poderá ser solucionada mais à frente através de: voto massivo contra sistemas opressores; afastamento das tropas do cenário político; e jovens interessados em conteúdos que promovam o bem-estar do país e uma maior dignidade, como nunca antes imaginado para o povo guineense.

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