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MIA 2024

Guiné-Bissau, desenterrar o medo e a coragem. Semear!

30 de Maio de 2024
Guiné-Bissau, desenterrar o medo e a coragem. Semear!

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Liberdade não é a primeira coisa que ganhamos quando nascemos, mas mesmo que a morte seja gigante, a Liberdade será sempre maior para a humanidade.

Ouvi e registrei esta frase uma semana antes de um evento que resultou na prisão e tortura injusta de mais de 90 manifestantes, meus companheiros de causa. Chocado com os acontecimentos, mergulhei em um profundo processo reflexivo sobre minhas ações recentes e busquei formas de expressar meu descontentamento com os eventos que ainda afetam as outras nove pessoas detidas na segunda esquadra da polícia em Bissau.

Nos encontramos constantemente ameaçados pelo medo que se instala nos corações das famílias e permeia nossa sociedade. Desde a infância, somos ensinados a temer: “Cuidado com o caminho que escolhes; uma cobra pode picar-te, e seu veneno é letal.” Assim, evitamos até mesmo ouvir histórias que mencionem cobras, e se sabemos de sua presença, evitamos aquele caminho. A verdade é que, apesar de todos os cuidados, nunca deveríamos passar por lá, pois o risco de sermos picados é real.

Essa educação pautada no medo nos impede de agir ou reagir frente a inúmeras situações adversas, seja no âmbito familiar ou social. Mantemos tudo como está, aceitando a normalidade das coisas, e até internalizamos a dolorosa expressão “Djitu ka tem” (não há jeito). Mas, será que, se realmente não houvesse jeito, estaríamos conformados? Existem soluções, e por isso manifestamos nosso descontentamento em diversos níveis.

A superação do “Djitu ka tem” deve começar com uma educação voltada para a coragem, reformulando narrativas e adotando posturas que promovam uma convivência saudável e respeitosa da nossa humanidade. Assim, devemos instruir nossos educandos a enfrentar o sistema opressor, dizendo: “Siga sempre o caminho; apesar de turbulento, e mesmo que encontres cobras, elas não te atacarão se não as provocares. As cobras geralmente fogem dos humanos e só atacam quando assustadas ou ameaçadas; portanto, não demonstre medo, mas coragem ao seguir o teu destino.”

Contudo, após o trágico evento de 18 de maio, que lamentavelmente mergulhou o país em mais uma crise, há um esforço contínuo para intimidar aqueles que tentam superar o medo arraigado. Em contrapartida, lutamos para fomentar a coragem que se entranhe em nós, para enfrentar a ditadura, erradicar a fome, elevar a liberdade de expressão e de opinião, derrotar a corrupção e os corruptos, e combater todos os males que surgem diariamente. Afinal, este país pertence a todos nós, e cabe a cada um de nós reerguê-lo com dignidade.

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