Hoji Fortuna em "Banzo", um filme que reflete sobre as feridas do colonialismo

O filme Banzo, uma produção da realizadora portuguesa Margarida Cardoso, estreia nos cinemas portugueses no dia 23 de janeiro de 2025, trazendo ao público uma reflexão sobre as consequências psicológicas e emocionais do colonialismo. Ambientado em 1907, o enredo desenrola-se entre São Tomé e Príncipe e Portugal, centrando-se em Alphonse, um fotógrafo interpretado por Hoji Fortuna, e Afonso, um médico de plantação interpretado por Carloto Cotta.

Na narrativa, Afonso enfrenta o desafio de tratar serviçais afetados pelo "banzo", uma condição de melancolia profunda que frequentemente leva à inanição ou ao suicídio. Enquanto isso, Alphonse surge como uma figura que observa e documenta, navegando cuidadosamente no sistema colonial hostil, numa tentativa de o questionar a partir de dentro.

A palavra "banzo" tem origem africana, mais especificamente relacionada às línguas bantu, e foi utilizada historicamente para descrever um estado de nostalgia extrema, melancolia ou tristeza profunda vivida por pessoas escravizadas, frequentemente resultante da separação forçada das suas terras natais, famílias e culturas. Essa condição emocional intensa muitas vezes levava à inanição, ao isolamento social e, em casos mais extremos, ao suicídio. Este conceito é explorado no filme como uma metáfora das feridas do passado colonial, ainda presentes nas memórias coletivas.

Margarida Cardoso, reconhecida pela sua obra centrada nas consequências do colonialismo português, afirma que Banzo pretende desconstruir as dinâmicas do sistema colonial, evidenciando tanto a dor dos serviçais como as complexidades emocionais de quem os rodeia. Obras anteriores da realizadora, como A Costa dos Murmúrios e Yvone Kane, também abordam temas semelhantes.

Banzo estreou em festivais internacionais como o IndieLisboa, onde foi premiado com o Árvore da Vida e o Prémio Universidades, e participou em competições de destaque como o Karlovy Vary International Film Festival e o Sevilla European Film Festival.

O filme chega agora às salas de cinema portuguesas, oferecendo ao público uma oportunidade para refletir sobre o impacto duradouro do colonialismo nas identidades e memórias contemporâneas.