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Indiara Vitorio sempre sonhou em desbravar o mundo. Formada em Jornalismo, a sua maior inspiração enquanto crescia foi a comunicadora brasileira Glória Maria, conhecida principalmente por suas viagens ao redor do globo. Como mulher negra, ela imaginava-se viajando de país em país, assim como via na televisão. “Eu era aquela criança que ficava até tarde na sexta-feira assistindo ao ‘Globo Repórter’, porque ficava fascinada”, conta, referindo-se ao programa famoso por explorar destinos variados. Além de influenciadora, ela é CEO da empresa “Se Vai, Bora - Viagens”, que ajuda viajantes e imigrantes a comprar passagens aéreas internacionais.
Ela nasceu no estado da Bahia, criada unicamente pela mãe que vendia cosméticos. Como veio de uma realidade pobre, tal sonho parecia muito distante, mesmo porque ela encarava outros desafios que necessitavam atenção. Começou a trabalhar aos 16 anos e, até os 19, o seu principal objetivo era juntar dinheiro para construir um quarto próprio, já que vivia em uma casa com apenas um cómodo. “Desde muito nova, eu entendi que tudo o que eu queria, eu teria que correr muito atrás”, comenta. Aos 19 anos, ela conseguiu terminar a construção da casa com a mãe e pensou: "Agora vou juntar dinheiro para outra coisa." Foi aí que começou a pesquisar sobre oportunidades de intercâmbio.
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Como queria alcançar uma carreira de sucesso, sabia que o conhecimento da língua inglesa era fundamental, por isso escolheu a Irlanda como opção de estudos. Em três anos, economizou dinheiro para que finalmente pudesse viajar. A ideia inicial era concluir o curso de inglês e voltar ao Brasil, mas ela ficou por mais tempo. Após dois anos e meio na Irlanda, mudou-se para Portugal. “Fui para a Irlanda em maio de 2019. Só que fui ficando e, aqui estou, há mais de cinco anos”, conta.
Paralelo às suas aulas na Irlanda, a veia de comunicadora continuava a pulsar. Não queria ficar parada e passou a gravar vídeos espontaneamente para as redes sociais, sem enxergar a ação como uma forma de negócio. Mas esse pensamento mudou durante a pandemia, quando iniciou a venda de intercâmbios para a Irlanda. Ao mesmo tempo, recebia mensagens de pessoas pedindo conselhos para comprar passagens aéreas. “A primeira viagem internacional sempre dá aquele friozinho na barriga. As pessoas ficam muito confusas. E eu vi aí uma oportunidade de negócio, principalmente conversando com os meus clientes que já tinham comprado intercâmbio comigo”, pontua.
Enquanto produtora de conteúdo, fez uma parceria com uma agência e, ao indicar uma quantidade considerável de clientes, refletiu se não era o momento de criar a sua própria empresa. "As pessoas confiavam muito no meu trabalho, então nasceu a ‘Se Vai, Bora Viagens’. O intuito foi focar nas passagens internacionais, especialmente para quem está viajando pela primeira vez. Depois, essa pessoa se torna um cliente recorrente. Esse é o nosso trabalho”, explica.
Vitorio relata que, embora tenha apresentado uma mentalidade de empreendedora desde a infância, por ser de origem humilde, às vezes é difícil livrar-se de alguns pensamentos autossabotadores. “Antes de começar a trabalhar formalmente, já vendia coisas com a minha mãe: perfumes, pulseiras, o que fosse necessário. Tudo o que eu queria, eu dava um jeito de trabalhar para conseguir. Mas ainda tenho esse medo de voltar a passar por dificuldades”, conta.
Viajar é, para ela, uma prioridade, uma forma de se desafiar e se conhecer melhor. “Acho que experiência e conhecimento são coisas que ninguém pode tirar de você. Bens materiais vão embora, carros vão embora, casas se vão, mas a experiência não. Eu sou movida por esse movimento que a viagem traz. Essa busca pelo novo, entender um pouco mais sobre a cultura do outro, experimentar uma nova comida, estar em um lugar onde eu não entendo nada e, aos poucos, aprender. Sempre tem uma história boa para contar”, explica.
O dinheiro, afirma, nunca a impediu de realizar uma nova viagem. No Brasil, recorda que buscou trabalhos informais para ganhar renda extra. “Vendia batons e bolos de pote na universidade, porque já tinha um orçamento muito limitado”, diz.
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A influenciadora também renunciou de algumas experiências, como aproveitar as festas da faculdade, saídas com amigos e familiares e até de fazer uma formatura. Seria algo simbólico, já que poucos na sua família tinham o diploma de um curso superior. Mas, ao mesmo tempo, queria conhecer o mundo. “Se eu gastasse cinco mil reais numa festa de formatura, seria o dinheiro que eu estava juntando para o intercâmbio. Então, eu tinha um foco, um objetivo bem definido”, comenta.
“Minha avó sempre dizia: ‘Para quem não sabe onde está indo, qualquer caminho serve’. E acho que isso se aplica à viagem e aos objetivos. Quando você tem um objetivo, você encontra o caminho para ele e vai recebendo respostas ao longo do percurso, conforme a sua realidade”, pontua.
Ao dizer adeus à sua realidade e entrar em um mundo totalmente novo, Vitorio aprendeu a confiar mais em si. Na Irlanda, saiu da zona de conforto e percebeu que, se foi capaz de prosperar lá, poderia se adaptar em qualquer lugar do mundo. Além disso, montar um novo negócio é sempre traz desafios. “Pessoalmente, o maior desafio é a voz do medo: medo de voltar a ser pobre. Esse medo é constante. Eu penso muito na minha mãe, que está no Brasil e precisa de ajuda, penso em criar um futuro melhor para nós duas. É uma preocupação constante, mas sigo arriscando”, conclui.
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