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MIA 2024

Jamila Pereira e Lea Komba em discussões globais sobre mulheres negras e violência policial

3 de Outubro de 2024
Jamila Pereira Lea Komba mulheres negras

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As experiências de vida de mulheres negras em países dominados por estruturas racistas coloniais são, na sua maioria, marcadas por lutas diárias e uma necessidade de esforço redobrado para (sobre)viver. Essas experiências são afetadas por desafios estruturais e diversas formas de violência, que nem sempre são devidamente narradas. A BANTUMEN, através da Lea Komba, esteve à conversa com Jamila Pereira, uma mulher negra guineense que cresceu entre Portugal e o Reino Unido, poeta, jornalista freelancer e uma voz que dá espaço à narrativa de inúmeras mulheres negras esquecidas e injustiçadas.


Jamila, que se autodenomina "agitadora social", falou sobre os diversos desafios culturais e estruturais que enfrentou e continua a enfrentar, sendo uma migrante económica desde os 18 anos. Ela enfatiza uma narrativa inspiradora, destacando a necessidade de todos sermos agitadores sociais.


Para Jamila, a escrita é muito mais do que uma simples expressão criativa; é também a sua ferramenta de revolução. Como uma "agitadora social de primeira categoria", Jamila acredita que as mulheres negras vivem sob um "modelo de ser" imposto pela sociedade, sendo, por isso, necessário derrubá-lo através da escrita e de outras formas de ativismo. Como pensadora política, ela construiu a sua personalidade e diferentes perspetivas de mundo crescendo e bebendo de três contextos sociais distintos: dois físicos (Portugal e Reino Unido) e um cultural (Guiné-Bissau). Talvez por essa razão, a sua escrita, aos 30 e poucos anos, seja transversal e ultrapasse barreiras linguísticas.


Nos últimos meses, Jamila tem sido uma das principais vozes a acompanhar, comunicar e advogar, sobretudo a nível internacional, pelo caso de Cláudia Simões, uma mulher angolana residente em Portugal há mais de 20 anos, que foi vítima de brutalidade policial em janeiro de 2020. Para além das expectativas, Jamila tem contribuído para a comunicação do caso também no Reino Unido, escrevendo artigos analíticos em inglês. Quando questionada sobre a necessidade de transformar as discussões sobre racismo em Portugal numa questão regional e global, ela explica que o privilégio de dominar duas línguas no setor jornalístico permite-lhe sensibilizar um público mais amplo, o que é o principal objetivo do seu trabalho.


"Apesar de a pandemia ter 'normalizado' a brutalidade policial, o nosso ponto de vista sobre o problema continua muito sexista."


Uma das maiores preocupações de Jamila, quando se fala sobre brutalidade policial contra mulheres negras, é a forma como essa problemática social é comunicada. A cientista política explica que muitas mulheres negras são vítimas de violência e acabam por perder a vida devido a agressões físicas e estruturais, tanto nos contextos sociopolíticos sobre os quais escreve. Ela sublinha ainda que, regularmente, mulheres e meninas negras são colocadas numa categoria de maior vulnerabilidade pelas instituições governamentais e são também as que menos recursos possuem para defender os seus direitos. Para Jamila, o caso de Cláudia Simões não é uma exceção.


Ao escrever sobre a situação para a comunidade anglófona, Jamila sentiu um grande apoio por parte de mulheres negras desse contexto, mas também uma frustração mútua. 


"As pessoas pensam que o caso aconteceu e pronto, está resolvido."


A escritora chama a atenção para a necessidade de, em comunidade, fazermos um "follow-up" das vítimas cujos casos apoiamos e mantermos o foco nas consequências a longo prazo deste tipo de violência, que impactam a pessoa não só emocional, mas também financeiramente.


Para ouvir a conversa completa e mergulhar nos detalhes desta troca de ideias, basta aceder à tua plataforma de streaming de áudio preferida.

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