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O homem que na língua não tem papas, só piri-piri, Shorty Clay o rapper, ou Clay o youtuber (do canal Piri-piri na Língua), esteve à conversa no JaneCast. Clay afirma que o grande objetivo do Piri-piri na Língua é muito mais que música, é intervir na sociedade de forma positiva, fazendo as pessoas pensarem. “Estou a prestar um serviço público”.
“Sinto que hoje posso fazer pela música muito mais que cantar. Mais do que a forma como as pessoas vão olhar para mim, quero mudar a forma como as pessoas vão olhar para a música”.
Miller Claybes Gama, jovem artista, natural da Guiné, criado em Portugal, especificamente na Margem Sul, Vale da Amoreira, tem oferecido a sua visão relativamente à importância da escrita em diferentes estilos musicais, baseado nos conhecimentos adquiridos na “escola do rap” e experiência desde 1997, enquanto cantor (do grupo Os Originais) e ouvinte.
A sua língua pica no que toca a tantas outras questões sobre música e artistas; sobre a qualidade musical ou lírica; do anonimato à fama; do panorama musical português ao dos PALOP.
Para quem não conhece o trabalho exposto no canal do YouTube Piri-piri na Língua, engane-se quem espera encontrar os famosos reacts. Clay tem-se mostrado ser um comentador de música com seriedade, análise profunda, imparcialidade e justiça; nos videos não mostra receio em expor as suas opiniões, mencionar nomes, ou por outro lado, expor os seus próprios erros.
Questionado sobre o facto de se dizer que se aproveita do nome ou fama de outros artistas para promover o seu próprio trabalho artístico, ou numa óptica de influencer digital, Clay afirma que pelo contrário tem usado o seu canal no YouTube para auxiliar na promoção e visibilidade de outros artistas menos conhecidos e não propriamente para a sua música. Música essa, que esteve relativamente suspensa durante os últimos anos de Piri-piri na Língua, para que as pessoas não pensassem exactamente nesse aproveitamento, admitiu. “Já me ofereceram dinheiro para falar de alguém, mas eu sempre disse o mesmo, que posso até aceitar, mas com dinheiro ou não, vou falar o que penso”.
Afirma que a ideia, que começou por comentários relativos aos erros ortográficos na música africana – tinha apenas por objectivo, “educar” os ouvintes e nunca imaginou ter o alcance que tem conquistado.
“Quando comecei, a minha ideia foi mais para limpar o mercado, ensinar o mercado a ouvir… Não sou professor de ninguém mas quis mostrar o que é música de qualidade”. Que consequentemente, tem a expectativa de preparar as pessoas para ouvirem a sua música, “que está na hora de a lançar”, explica Clay.
Opiniões à parte, o conteúdo tem mantido os seus expectadores.
Nesta conversa, Clay expõe a sua opinião sobre o que considera mais importante num artista musical; a polémica em torno da música “BFF” do rapper Valete; o facto de considerar o Sam The Kid o seu rapper preferido; a fama do grupo Wet Bed Gang; o facto do NGA ser chamado de king, e muito mais.
“NGA é mais que um rapper, deveria haver uma estátua do NGA”, e muito mais. “O que o Gson faz já o SP fazia há dez anos. O SP é um “monstro”. São algumas das afirmações deste diferenciado comunicador do planeta Música.
Sobre um tema picante no seu canal, – os plágios – a responsabilidade em dar força a trabalhos plagiados, é maior por parte dos artistas, entidades ou ouvintes?
Clay responde que os ouvintes podem mudar essa realidade, mas que infelizmente os ouvintes não pensam, seguem o embalo e tem-se banalizado os plágios ou a falta de criatividade. “Não são estrelas, os que aparecem mais vezes, mas sim aqueles que fazem o que não está ao alcance de uma pessoa normal”.
Sobre a forma como vê a mulher no mundo da música, considera que muitas sofrem por simplesmente serem mulheres mas que também muitas “lixam-se umas às outras”. Diz que a mulher quando é boa no que faz, marca a diferença, “por isso existe lady’s night e não men’s night, o homem vai atrás da mulher, elas ditam o mercado”.
“A mulher pode fazer tudo o que o homem pode fazer, é igual” uma afirmação que faz jus à outra faceta de Clay: treinador de futebol, em específico de futebol feminino.
Escuta esta conversa de alma na fala, fala na alma, que termina com a dica: “tens de ter bué humildade antes e depois da fama; tens que entender o que realmente vale, o importante não é só o que te faz aparecer mas o que te faz aparecer bem” – Clay.
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