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"Não vou dizer que 'Boy Lixo' seja uma música autobiográfica, mas tem um elemento de ser", Jesuton

27 de Setembro de 2024
Jesuton Boy Lixo
Jesuton | 📸 Gustavo Paixão

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Incentivada pelo Brasil, Jesuton adotou o português. Ela chegou ao país em 2012, depois de um período no Peru, e se apaixonou. Aprender a falar a língua materna do país veio da necessidade de entender e de se comunicar facilmente com as pessoas ao seu redor. Assim, conquistou seu espaço. Musicalmente, a cantora de ascendência nigeriana e jamaicana, nascida em Londres, chamou a atenção por suas apresentações nas ruas do Rio de Janeiro. Consequentemente, as portas se abriram.


No Brasil, lançou três álbuns por um grande selo local: Encontros (2012), Show Me Your Soul (2014) e HOME (2017), sendo este último autoral. Agora, depois do EP Bloom: The Spoken Word (2023), ela está focada no seu primeiro disco cantado totalmente em português, Hoje, que está previsto para 2025. Até lá, Jesuton adianta ao público o que está por vir. "Boy Lixo", single feito em parceria com o MC baiano Trevo e com produção assinada por KLAP, TH4I e Vincee, abre os trabalhos. Envolvente e dançante, a música transita entre afrobeats, pagodão baiano e funk. Essa combinação serve de guia para que a artista fale de uma forma descontraída sobre relacionamento e o sofrimento que se transforma em superação, libertação e leveza.


"Sabe quando você está em uma relação e fica chateada com alguma coisa e meio que vai especulando sobre o que poderia ser? Eu acho que essa é a melhor explicação, a mais verdadeira do que aconteceu", diz. "Mas também, depois desse relacionamento ter passado, aconteceram outras situações que batem muito com uma coisa que eu experimentei, que me deixou muito feliz", explicou.

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Jesuton Boy Lixo

Jesuton e TREVO | 📸 Gustavo Paixão 

Depois de várias tentativas de uma conversa, finalmente as agendas se encontraram. Via Zoom, de Lisboa, Jesuton detalhou essa relação afetiva com o português e o Brasil, e o que todos podem esperar do quarto álbum dela, que está sendo construído com a colaboração de artistas em ascensão na lusofonia, e não só: VHOOR (Brasil), Jonathan Ferr (Brasil), Deekapz (Brasil), Pongo (Portugal/Angola), Vírus Carinhoso (Brasil), MU540 (Brasil), Trevo (Brasil), Vincee (Brasil), KLAP (Brasil), Boddhi Satva (República Centro-Africana), DANYKAS DJ (Cabo Verde) e TH4I (Brasil).


Uma coisa que eu quero entender é essa sua relação com a língua portuguesa.


Essa história começou no Brasil. Quando desembarquei em 2012, eu não entendia nada. Totalmente zero. E até te falo mais... como eu estava saindo de um período no Peru, tentei falar em espanhol, né? Subconscientemente, eu achava que isso ia me ajudar na compreensão. Só que não. Como minha língua nativa é o inglês, não ajudou nem um pouco. Então, passei um perrengue grande no primeiro ano, tentando fazer essa transição. A solução que encontrei foi realmente parar de falar espanhol e me dedicar totalmente ao português. Esse caminho não é reto, tem várias curvas. Mas, todo dia tenho mais confiança em mim, eu tento ler o máximo também e conversar mais, porque é uma língua difícil de dominar. Acho que é complicado até para as pessoas que falam a língua de forma nativa, porém posso falar que a minha relação com o português começou com muita vontade. Queria entender o que estava acontecendo ao meu redor e poder contribuir.


E por que cantar em português? Era uma necessidade de se conectar com essas pessoas que você tinha e tem contato, tanto do Brasil quanto de Portugal, e dos países lusófonos?


100%! Eu queria isso desde o primeiro dia, mas tinha que esperar. No meu primeiro projeto, Encontros, eu fiquei tão... sei lá... perturbada, talvez, pela intensidade da minha conexão com Cartola. Depois que ouvi a música O Mundo é um Moinho, senti a obrigação de cantar isso no meu primeiro trabalho, que foi realmente um conjunto de releituras. Hoje em dia estou até agradecida que isso tenha acontecido, porque você vê de onde comecei. Estudei, me esforcei, e hoje sou outra pessoa. Nesse meu primeiro disco em português, quero mostrar a fome que eu tinha para poder me comunicar, me aproximar da cultura brasileira, me inserir e não participar de fora.


Esse seu primeiro single, Boy Lixo, que abre os trabalhos do próximo álbum, tem uma mistura de afrobeats, funk e pagodão baiano... Como vocês construíram essa música e por que do título?


[Risos] Essa música tem uma longa história. Todas as músicas deste próximo projeto foram feitas ao longo dos anos, muito tempo mesmo. Boy Lixo já teve outro nome, outra letra, outro convidado, outra história. Na forma original, falava muito sobre essa ponte entre Rio e Lisboa, e era uma coisa muito solar. Mas, um dia, depois de uma sessão com o Vincee, acordei e pensei: "gente, eu preciso mudar isso tudo". Então, reescrevi a letra. Não vou dizer que Boy Lixo seja uma música autobiográfica, mas tem um elemento de ser. Quando você está em uma relação e extrapola sobre o que poderia ser, acho que é a melhor explicação.


Essas experiências ruins inspiram mais quem compõe?


[Risos] Total, total. Vários momentos difíceis me fizeram criar música. Quando consigo transformar algo negativo em arte, eu fico tranquila. Penso: o universo melhorou. Tudo certo! Aí, a vida segue!


E o disco sai apenas em 2025? Até lá tem mais coisas para colocar na rua?


Tem bastante coisa para colocar antes e depois também. Estou trabalhando há muito tempo nesse projeto e juntando todas as peças para entrar no ritmo. Vai ter bastante lançamento, e estou animada para essa próxima fase.

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