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“Latitude Fénix”, filme que destaca figuras históricas santomenses, chega aos cinemas em junho

8 de Maio de 2024
“Latitude Fénix”, filme que destaca figuras históricas santomenses, chega aos cinemas em junho

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Foi a pensar nas diferentes figuras históricas do continente africano que o realizador Welket Bungué decidiu criar o filme Latitude Fénix, cuja estreia mundial acontecerá no Sheffield DocFest, informação publicada esta quarta-feira 8 de maio, no website oficial do festival que ocorre a partir de 12 de Junho, no Reino Unido. A estreia em Portugal está marcada para junho na 20 edição do FEST – Festival Novos Realizadores | Novo Cinema, em Espinho, onde vai competir na secção Grande Prémio Nacional.

Na trama, Welket Bungué estabelece uma relação intemporal entre as personagens e as Ilhas de São Tomé e Príncipe, numa uma atmosfera transmutacional ao adicionar a figura da Princesa de Ébano enquanto menina, trazendo para a história as figuras simbólicas de Fogo (Cheila Trindade) e Cinza. Quilombismo, afro-folcrorismo, afrofuturismo, afro-sincretismo, afropolitanismo, tranversalidade, animismo e misticismo são conceitos que adensam um filme narrativamente centrado no corpo afro-diaspórico negro em trânsito, simultaneamente no tempo e no espaço.

O filme surgiu após um diálogo entre a poeta, investigadora e arte-educadora Raquel Lima e o ator Ângelo Torres, ambos de origem santomense. “A persistência da ideia de criar um filme desenvolveu-se ao longo de uma semana, e materializou-se ao longo de parcos três dias de filmagem em locais distintos sob a égide de um cinema de auto-representação, tal como teorizo no meu livro Corpo Periférico (2022)”, contou Welket Bungué.

Quanto ao nome, Latitude Fénix, Welket Bungué diz que se coaduna com o experimentalismo cénico a que o filme se propõe, mas também porque nos desloca para uma noção espacial-geográfica que é uma constante na lógica de se estar na região equatorial. “As cinzas, o mar, em suma, os elementos atmosféricos e espirituais, são convocados a estar visíveis e sensíveis no filme, porque realmente o encontro das personagens centrais não aconteceu – pelo menos, não como deveria ter sido”.

Com a produção de Enerlid Franca – conhecido pela curta-metragem Mina Kia, filme que ganhou o prémio CURTAS PALOP/TL 2017 -, a trama contou com a participação de Raquel Lima, no papel de Princesa Maria Correia, Ângelo Torres como Barão de Água Izé, Nayrama Fernandes como a Pequena Princesa Maria Correia, Cheila Luís Trindade como Fogo, e Fábio Rodrigues como Cinza.

Welket Bungué, realizador guineense-português de etnia balanta, reside em Berlim desde 2019. É co-fundador da produtora KUSSA, faz locução para entidades internacionais, desenvolve Escrita Dramática, Argumento de Cinema, Performances e Teatro. É licenciado em Teatro no ramo de Atores (ESTC/Lisboa) e pós-graduado em Performance (UniRio/RJ).

O seu trabalho artístico investiga práticas anti-colonialistas e de afirmação africana-diaspórica, visando a criação de capacidades de auto-empoderamento e cura. A filmografia de Bungué pressupõe um ecossistema de liberdade criativa, um convite a abandonar narrativas endurecidas e a lançar-se em novas possibilidades de pensamento, resiliência, e simultaneidade identitária.

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