Marcas por escrever
Contactos
BantuLoja
Pesquisa
Partilhar
X
Pela segunda vez, a BANTUMEN marcou presença no evento literário Poéticas Afro-Atlânticas, realizado em Lisboa, na livraria SNOB, na última quarta-feira, 26 de fevereiro. O encontro reuniu poetas e escritores africanos e afro-latinos numa celebração conjunta da palavra, através da poesia, da ancestralidade e da identidade.
Com o propósito de dar voz à poesia e conectar gerações, o evento serviu como palco para uma troca de ideias com uma das convidadas protagonistas: a escritora, guionista e produtora audiovisual Lilián Pallares.
A artista, conhecida pela sua abordagem visceral, disruptiva e profundamente sensorial da poesia, protagonizou leituras importantes, incluindo “A Mulher Semente”, um poema que rompe as barreiras do patriarcado e incentiva a luta pelo empoderamento e a liberdade feminina.
Lilián Pallares é uma poeta, escritora e artista audiovisual colombiana, nascida em Barranquilla em 1976. É formada em Comunicação Audiovisual e Jornalismo, com estudos adicionais em Criação Literária, Roteiro, Escrita Criativa e Filosofia. O seu trabalho literário abrange poesia, contos, crônicas, roteiros e monólogos humorísticos. Em 1999, Pallares venceu o concurso de Poesia Inédita da Universidade do Norte, em Barranquilla. Continuou a ganhar reconhecimento com os seus contos, conquistando o primeiro lugar no concurso "Reflexiones del vaivén" de 2007, organizado pela Revista Toumai, e no concurso "Servicio Anónimo", promovido pela Associação Cultural Fusionarte.
https://www.instagram.com/p/DGdPz-pMfHi/?img_index=1
Pallares também é conhecida pelas suas performances inovadoras de "Afro-lyric", que misturam poesia com ritmos africanos e dança, criando uma expressão artística única.
As suas contribuições para a literatura e a arte foram reconhecidas com vários prémios, incluindo a XIV Distinção Poetas de Outros Mundos.
Atualmente, reside em Madrid, Espanha, onde continua os seus projetos artísticos.
“A Mulher Semente”
Dizem que à noite sai para rondar os campos.
Das suas marcas brotam rios de água doce
e na sua cintura há um golpe de tambor endiabrado.
Tem pés valentes e olhar esquivo, e a pele coberta de areia molhada. Nua, sobe ao alto da colina, cantando a canção que lhe sussurra o vento, e quando a lua estende sua longa saia branca,
acaricia seu ventre fecundo até que o sol a esconde de volta
nas profundezas da terra.
E como é habitual, Pallares explorou a força da oralidade e da ancestralidade afro na sua escrita, reforçando que a literatura é um tambor que toca através do tempo, resgatando memórias e dando forma a novas narrativas. "A palavra não vive isolada, dança ao ritmo da vida, do corpo e do espírito", afirmou.
Outro dos momentos marcantes foi a leitura de "Carne no Assador", um poema que fala do desejo, da intensidade e da dimensão visceral da existência.
“Carne no Assador”
Vermelha é a carne no assador.
Arde o silêncio.
Queimam-se os nervos no seu molho picante
e o homem é a faca que atravessa o desejo.
Vermelho é o instinto e a língua.
Vermelha é a carne nos teus dentes.
Mastiga,mastiga-a,mastiga-te, que és carne viva.
Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.
Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para redacao@bantumen.com.
Recomendações
Marcas por escrever
Contactos
BantuLoja
© BANTUMEN 2024