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Lyzaira é uma cantora sobre quem podes ainda não ter ouvido falar mas que tem música a correr-lhe nas veias. É sobrinha de Gil e Vadu Semedo mas não é no nome de família que se apoia para apresentar o seu talento e paixão pela música. Pouco tempo depois de regressar à música, numa curta passagem por Lisboa, a artista contou-nos alguns detalhes sobre o seu percurso, as tragédias que a fizeram parar de cantar e como voltou a sonhar com os palcos.
Lyzaira nasceu a 19 de julho de 1996, na Holanda, mas mantém as suas raízes firmemente ancoradas em Cabo Verde. É uma artista completa, que transcende a mera performance vocal, envolvendo-se emocionalmente com cada nota que escreve, e ainda assim, encontra tempo para gerir os seus negócios como empresária.
A vida apresentou-lhe importantes desafios desde cedo, com uma adolescência marcada pela perda e revolta. Perdeu o irmão em 2002 e a irmã em 2009, eventos trágicos que a marcaram profundamente e a afastaram temporariamente da música.
Aos 17 anos, engravidou e, aos 18, deu à luz a Jelea. Ser mãe enquanto se descobria a si própria no mundo foi penoso mas, ao mesmo tempo, deu-lhe as forças que a própria precisava para se encontrar. Em 2020, decidiu transformar a sua vida ao procurar terapia e voltou a apaixonar-se pela música. Dois anos mais tarde lançou o seu primeiro single, "Catch the Vibe, e em 2024 disponibilizou o EP The Other Side.
https://www.instagram.com/p/DDIFb2doqpu/
Durante a entrevista, falamos sobre esse EP e a sua jornada enquanto cantora. Falámos sobre como é conciliar a maternidade, a música e o peso – ou privilégio – de vir de uma família de artistas talentosos como Gil Semedo, de quem é sobrinha. “Este EP começa com aquilo que pretendo revelar ao mundo e de que forma quero fazê-lo, mas não se resume apenas a isso. Reflete também o que, naquele momento, considerava importante que o mundo soubesse sobre mim. Possuo muitas músicas, talvez 30, 40 ou até 50; são realmente muitas. A partir daí, selecionei aquelas que acredito que o mundo está, agora, pronto para conhecer", explicou-nos.
Com este projeto Lyzaira afirma ter reencontrado o seu foco. “Agora estou completamente focada em mim. Estou a viver o meu sonho, a proteger a minha energia e a dedicar-me de corpo e alma ao que adoro fazer. Este EP é o reflexo dessa mudança – de estar perdida para finalmente encontrar o meu caminho. Agora, estou completamente do outro lado”, assegura para as câmaras.
Desde pequena, a música sempre fez parte da sua vida. Em criança, fazia parte do duo Dopest Flow, e as músicas do tio Gil Semedo e da lendária Sade inspiraram-na. No entanto, as perdas do irmão em 2002 e da irmã em 2009 mexeram com ela de uma forma tão profunda que se afastou daquilo que sempre a apaixonou. “Em 2020, quando tinha 24 anos, veio a pandemia de Covid-19. Tudo parou, e eu não podia sair nem estar com os meus amigos. Nesse exato momento, tudo estava mais calmo, e decidi sentar-me com as minhas emoções e pensamentos. Não sei o que aconteceu, mas acho que Deus, o Universo, ou o que preferirem, falou comigo, e eu fiz uma escolha. Decidi trabalhar em mim mesma”, confessou-nos. A artista recorreu à terapia para lidar com o seu lugar escuro, falando sobre a sua dor e todas as suas questões. "E quando o fiz, disse para mim mesma que era a hora de fazer o que mais gosto. E comecei a fazer música, para a minha filha, para mim e, sobretudo, para o meu irmão e irmã, que morreram".
No início da sua caminhada musical, o tio e ícone da música cabo-verdiana foi quem mais acreditou em Lyzaira. Ele encorajava-a constantemente, afirmando: "Tens boa voz, és boa nisto e naquilo, tens de fazer música, tens de seguir esse caminho." Apesar das dúvidas, o tio Gil nunca permitiu que estas a impedissem de avançar. "Apenas faz. Faz música, eu acredito em ti. Segue o teu caminho e tudo se alinhará."
https://www.instagram.com/p/DDDr1rWo9iR/
Hoje, Lyzaira faz a música que gosta e, apesar de ser sobrinha de Gil, quer ser reconhecida pelo seu próprio nome, autenticamente. E o EP reflete essa vontade e necessidade, bem como a sua sonoridade única. Todas as músicas de Lyzaira vêm do coração, algumas refletindo a sua própria realidade, enquanto outras contam histórias de amigas ou de situações observadas. Ainda assim, ela mantém um certo mistério, uma mistura de vivências pessoais e relatos próximos que torna as suas composições mais autênticas e emocionantes.
“Mas também a minha música não é propriamente Kizomba, Afrobeat, R&B, é um mix. Gosto de pensar que é o meu próprio som. Tu ouves minha capacidade vocal e diferentes estilos musicais, mas tudo sempre com influências de Afrobeat, porque somos africanos e eu quero que o mundo saiba quem sou", acrescentou. Para Lyzaira, não se trata apenas de fazer música, mas também de a ouvir. "Música, para mim, é tudo", diz. Seja em momentos de alegria, frustração ou tristeza, a música está sempre lá. É um refúgio, uma constante. Essa ligação profunda é o que alimenta a sua paixão e a autenticidade das suas criações.
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