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Cabo Verde continua a desbravar caminho para se tornar num polo de inovação de referência no universo das tecnologias digitais. Com uma forte presença na sua quarta participação no Web Summit, em Lisboa, o arquipélago está investido em criar infra-estruturas, capacitar as comunidades locais e em recuperar o capital humano cabo-verdiano atualmente na diáspora.
A despedida da maior conferência europeia do universo das tecnologias e do digital aconteceu nesta sexta-feira, 4, com um evento na UCCLA, em Lisboa, com a presença da delegação cabo-verdiana, de diplomatas do país, de Portugal entre várias outras personalidades, como o CEO da Fundação Obama, David Simas, entre outros.
Pedro Lopes, secretário de Estado para a Economia Digital, reafirmou o engajamento do país em transformar Cabo Verde num líder africano em inovação e novas tecnologias, potenciando a diversificação e crescimento da economia local. O político fez questão de sublinhar que essa transformação já está a acontecer e dá o exemplo de serviços que empresas nacionais prestam a outros países da comunidade lusófona e não só. “Cabo Verde é conhecido como um campeão da governação eletrónica. Se pensarem porque temos um dos níveis mais baixos de corrupção, não é porque somos melhores, porque não existem países com melhores ou com menos boas pessoas. Existem processos e digitalização de processos”. Exemplo disso é o facto de venderem serviços para outros países. “Recentemente, a NOSI conseguiu vencer um concurso para a digitalização do Tribunal de Contas de Angola. E vende para outros países africanos onde se fala português”, explicou.
No mesmo evento, o secretário de Estado reafirmou também a importância da comunidade cabo-verdiana na diáspora, “os verdadeiros embaixadores de Cabo Verde”, e cujo potencial profissional pode ser um recurso fundamental para o país. “Estamos a criar um programa específico para incentivar o regresso da diáspora de Cabo Verde. E esta não é só uma narrativa política. Estamos a alocar dinheiro e condições no próximo ano para que a diáspora que está a trabalhar na área digital regresse. Vamos continuar a gritar para o mundo que os melhores têm de estar em Cabo Verde”. Esta última frase foi um reforço da ideia de que “é agora o tempo de Cabo Verde e dos cabo-verdianos escreverem a sua história”, com o apoio dos parceiros que amam o país e as suas gentes, disse o diplomata durante o evento.
Sobre esta temática em específico, Rudolphe Cabral, um dos rostos por trás da Djassi África que auxilia em diversos níveis startups tecnológicas fundadas por afrodescendentes na diáspora, falou sobre a necessidade de mapear essas novas empresas para melhor entendermos o ecossistema dentro da comunidade negra e criar iniciativas que possam promover e escalar os respetivos negócios.
Com um objetivo claro de também conquistar a atenção da comunidade de nómadas digitais do mundo inteiro, Pedro Lopes sublinhou ainda que a população em Cabo Verde está “completamente aberta para receber as pessoas. É a morabeza, a arte de bem receber os outros. Em Cabo Verde as pessoas não são perseguidas pela sua cor de pele, religião ou sexualidade. E quando permitimos aos outros e a nós mesmos celebrar a nossa identidade, sem fazer mal ao ambiente, sem fazer mal às pessoas que nos rodeiam, estamos mais próximos do sucesso. Porque a vida é para ser vivida com alegria. E em Cabo Verde, a vida é vivida dessa maneira. Temos desafios, mas somos felizes e queremos que outros que façam parte desta caminhada e que possam aproveitar desta felicidade que é viver em Cabo Verde”, concluiu.
A participação de Cabo Verde na Web Summit deste ano está orçada em mais de oito milhões de escudos (mais de 72 mil euros), com o secretário de Estado a frisar que não é um gasto, mas sim um investimento no desenvolvimento de Cabo Verde e, consequentemente, de África.
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