Poeta Lit G levou o LAV à raiz da Guiné-Bissau com emoção, força e resistência

17 de Abril de 2025

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Na noite de 11 de abril, o palco do Lisboa Ao Vivo (LAV) foi casa, tribuna e santuário. Poeta Lit G, rapper, dramaturgo, contador de histórias e um dos nomes mais marcantes da nova geração musical e cultural da Guiné-Bissau, entregou uma performance que tocou na alma, com energia, emoção e consciência social.


A entrada em cena foi marcada por uma forte carga simbólica. Com a caracterização de “Lubu di Norte”, Lit G encarnou o espírito do lobo - animal de instinto, força e liderança - e anunciou, sem rodeios, que aquela noite não seria só mais uma. O concerto foi um grito de resistência e uma carta de amor à sua origem.


Canções como “Mama Mum”, “Sucesso Sim Sossego” e “Nafikis”, que fazem parte do seu álbum de estreia “Caso à Parte”, foram veículos de uma mensagem maior: a celebração das raízes, o apelo à justiça social e o empoderamento dos bairros e da juventude negra e periférica, que Lit G tanto professa nas suas letras.


“Esta noite representa muita coisa para mim e vai ser relembrada para sempre. Uma noite inesquecível”, partilhou o artista com emoção.


A sala cheia pulsava com vida, com gente de todos os cantos de Lisboa e não só. Entre os rostos, via-se a diversidade da diáspora africana, unidos por algo que não se explica facilmente, o sentimento de pertença, de orgulho e de missão cultural. Poeta Lit G não estava sozinho no palco.



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Durante o espetáculo, o artista fez questão de sublinhar a importância do apoio que tem recebido e o impacto crescente da cultura guineense em Portugal: “Vi muita gente de outros países. Isso mostra que, a cada dia que passa, a cultura da Guiné-Bissau cresce. Isso representa muito para mim.”


O momento foi vivido como um verdadeiro momento de conexão entre o passado, o presente e o futuro da música guineense e essa ponte geracional fez-se sentir com força. Figuras da velha geração, como Patche di Rima, NB One Shot, Big Carlos e Marios J marcaram presença, não só como espectadores, mas como pilares da história que continua a ser escrita por novas mãos.


Foi Marios J quem fez questão de deixar o seu testemunho. Visivelmente emocionado, o veterano descreveu Lit G como símbolo da continuidade e da evolução de uma luta cultural com décadas: “Sou da velha geração e ver o mais novo a alcançar este sucesso é algo que me emociona. Sou fã do Poeta Lit G, ele é um verdadeiro mágico”, afirma.


Para o artista da velha guarda, o que se viveu foi muito mais do que música: foi uma afirmação do futuro. “Ele é talentoso e visionário. A música dele fala com toda a gente e, isso é raro. Estou orgulhoso e acredito que ele vai ser ainda maior. Ele é o futuro da música guineense”, finaliza.


Apesar do tom celebrativo, Lit G não deixou de fazer da noite um momento de responsabilização. Falou com clareza sobre o seu papel enquanto artista consciente e agente de mudança. “Como digo sempre: não é ter, é ser. O meu foco é fazer mais, dar o máximo e fazer história. Sucesso sim, sossego não.”


No decorrer do concerto, reafirmou o seu compromisso com uma cultura autêntica e valorizada, dentro e fora das comunidades africanas: “Temos de valorizar quem é bom e parar de banalizar a nossa cultura. Juntos, podemos ir muito mais longe”, diz-nos Poeta.


A noite de 11 de abril não foi só um ponto alto na carreira de Poeta Lit G, foi um marco para toda uma geração que se vê, se ouve e se afirma. Um espetáculo que ficará na memória de quem lá esteve, e que aponta para um novo ciclo na afirmação da música e identidade guineense em território português.

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