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Na noite do último sábado, 25, o Musicbox, em Lisboa, foi palco da primeira celebração dos dez anos da BANTUMEN, uma celebração íntima, um encontro de almas que se reconheceram na música, na cultura e na história que une as diferentes expressões da negritude. Num espaço que se enchia aos poucos – enquanto o Sport Lisboa e Benfica, à mesma hora e não muito distante dali, mergulhava numa derrota decadente –, deu-se início a uma viagem pela música, pelas histórias e pelas emoções que definem uma década de pontes culturais entre as diversas comunidades negras que habitam a capital portuguesa.
Wilds Gomes, nosso anfitrião de todas as horas, subiu ao palco às 21h45, com a energia e a vibração que fazem dele um rosto tão querido. Com o seu habitual carisma, relembrou-nos o motivo da celebração: um tributo a esta plataforma que, ao longo dos últimos dez anos, tem iluminado narrativas, cruzado fronteiras culturais e fortalecido a representatividade negra no panorama da informação e da cultura. Ali, no coração de Lisboa, criou-se um espaço íntimo, onde artistas e público se tornaram numa só energia.
Hilar, cantor cabo-verdiano nascido em Espanha, trouxe a sua voz "sabin sabin" – expressão que, em português, no máximo (e ainda assim muito distante do que realmente significa), pode ser traduzida para “boa, mesmo boa”. Acompanhado pelo guitarrista Djodje Almeida, cuja arte é exímia, Hilar deu início à noite com um aconchego sonoro que aqueceu os presentes, cada nota ressoando como um abraço.
Quando falamos de eventos na BANTUMEN, a mente pode rapidamente saltar para a iniciativas da dimensão de uma PowerList, mas o nosso normal é a pequena escala, a da proximidade, a do íntimo. O propóxito é que cada pessoa presente se sinta parte do espetáculo, como se a música fosse uma conversa entre amigos, um diálogo entre o palco e a plateia.
Seguindo nas atuações, Rahiz, ou melhor, Celso Opp, trouxe consigo o peso de uma história musical que é quase património. Em palco, junto aos irmãos Phat e De Paixão – este último seu irmão de sangue –, Rahiz conduziu-nos por uma viagem nostálgica ao real hip-hop dos anos 2000. Músicas como “Rap Di Ghetto”, “Back in the Days” e “Su Sta Cu Opp” reviveram memórias, reafirmando toda a essência que agora faz parte da memória.
A noite transicionou do vigor do rap para o calor do amor com Yasin, cuja voz aveludada parece desenhar paixões à primeira nota. Entre temas como “Somimabou”, de 2023, e o clássico “Work It”, de 2021, Yasin embalou a plateia num estado de puro encantamento. Foi amor cantado, sentido, partilhado.
Celso voltou a pisar o palco, mas desta vez como Rahiz, mergulhado nas sonoridades de Cabo Verde e no reggae que compõem o seu percurso mais recente. Entre as várias músicas do alinhamento, do álbum Na Krioulo, trouxe temas como “Dança Ma Mi”, enquanto o mais recente Horason foi representado por “Oh Mar” – uma bela homenagem à inigualável Cesária Évora – e “Um Sonho”, que, a pedido do público, foi bisada como despedida.
O line up deste momento de celebração foi um eco daquilo que é também a BANTUMEN, um mosaico de vozes e histórias que constroem memória coletiva. Este nosso aniversário começou com o pé direito, ou melhor, com as músicas certas, as que têm o poder de unir, transformar e resistir. No dia 21 de fevereiro, rumamos imaginariamente para a nossa Guiné-Bissau, com LilBoy Bruce. O ponto de encontro é o do do costume, o Musicbox.
📸: D'jamir Afonso/BANTUMEN
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