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Rapódromo reúne lendas do battle rap moçambicano este sábado

5 de Setembro de 2024
Rapódromo reúne lendas do battle rap moçambicano este sábado

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Para quem acompanha o hip hop moçambicano, é incontestável reconhecer o Rapódromo como uma das maiores referências do movimento. Um espaço onde a classe social não interessa e o talento prevalece. Ainda na fase de grupos, a Temporada 2024 tem sido uma viagem imprevisível. Em conversa com a BANTUMEN, Allan Simões conta-nos um pouco sobre o desenrolar da nova temporada de batalhas e o que esperar no próximo evento.


O Rapódromo surgiu em 2013 como uma plataforma onde os rappers se enfrentavam em batalhas, sem torneios ou fases eliminatórias. Criado pelo artista e rapper moçambicano Duas Caras, o evento começou de forma modesta, ocorrendo ocasionalmente e centrado apenas nas batalhas. “O Duas, na altura, trabalhava na rádio. Muita gente enviava sugestões — eles tinham um programa de hip hop — e muitos rappers iam lá pedir para participar. Foi assim que surgiu o Rapódromo", explica Allan. Com o crescente interesse do público, surgiu a pressão para transformar o evento numa liga, e foi aí que Allan Simões, também artista, se juntou. “Eu entrei num momento em que o Duas precisava de suporte. Trouxe o apoio necessário a nível estrutural, organizacional e também motivacional. Juntos, unimos forças e o Rapódromo está onde está”, afirma.


Hoje em dia, para competir no Rapódromo é necessário passar por um casting, atualmente realizado em Maputo. No entanto, Allan expressa o desejo de expandir o processo a nível nacional. “A nossa intenção é fazer um casting a nível nacional, pelo menos nas capitais provinciais, porque temos muito talento nas províncias. A primeira vez que fizemos um torneio, o vencedor foi um jovem da Beira (Dragon Rapper). Esta temporada temos sete províncias representadas. Só nos faltam Tete, Niassa e Manica para termos representatividade nacional. Gostaríamos de ir à Beira, fazer um casting, depois a Chimoio, Tete e Niassa. Mas, infelizmente, não o fazemos por falta de patrocínios. É preciso uma estrutura financeira para suportar isso”, descreve.



Ainda na fase de grupos, a temporada 2024 tem sido uma montanha-russa de emoções e uma lufada de ar fresco. Logo na estreia, houve uma grande surpresa com a eliminação de um dos favoritos e vencedor da temporada passada, Naruto. Enciclopédia (Gaza), Sly C (Cabo Delgado) e Tsey Lir (Inhambane) são alguns dos novos talentos que têm dado uma nova dinâmica à competição. “Todos os que vêm de fora de Maputo estão a ganhar. Está a ser fantástico”, comenta Allan Simões.


O terceiro evento da fase de grupos, antes dos oitavos de final, estava marcado para o dia 3 de agosto. Contudo, para tornar o evento maior e mais memorável, foi combinado com outro evento já anunciado: o Dia D.


O Dia D, que se realiza no próximo dia 7 de setembro, promete reunir quatro lendas do battle rap moçambicano: Nikotina KF, Ntsua, Trovoada e Epaitxoss One. Nikotina, atualmente um dos principais rappers de Moçambique, teve as suas origens no Rapódromo. Apesar de nunca ter vencido uma batalha, pretende surpreender ao enfrentar Ntsua, que ganhou várias competições no Rapódromo e já representou o país em eventos internacionais. Contudo, o confronto mais esperado é entre Trovoada e Epaitxoss One. “Eles já batalharam antes, mas em duplas. Era Trovoada e 16 Cenas contra Kadabra MC e Epaitxoss. Trovoada e 16 venceram, mas o Epaitxoss sempre sentiu que, sozinho, conseguiria vencer um ou os dois ao mesmo tempo. Sempre existiram provocações nas redes sociais, e já houve dois adiamentos desta batalha. Desta vez vai mesmo acontecer, e as pessoas estão expectantes”, revela Allan.


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O Rapódromo tornou-se um espaço diversificado, atraindo pessoas de todas as classes e idades. “Temos gladiadores que ainda estão no secundário, outros que não terminaram a escola, e também engenheiros, médicos, polícias, juristas, economistas. É uma mistura de classes sociais, tanto nos gladiadores como no público que assiste. É um movimento do povo, não é só do rap. Mas gostaríamos que o local tivesse mais expressão. As pessoas ainda não estão habituadas a pagar para assistir a um espetáculo nacional, 100% moçambicano, sem a presença de artistas estrangeiros”, lamenta Allan.


No início, foi complicado obter patrocínios devido ao conteúdo das batalhas, mas o projeto já contou com o apoio de algumas marcas importantes. Ainda assim, a ambição é colaborar com a Liga Knockout, de Portugal. Allan Simões afirma que, apesar dos desafios culturais, o Rapódromo é o “maior movimento de hip hop de Moçambique”. Ele gostaria que os gladiadores tivessem a possibilidade de se sustentar através do seu talento: “Gostaria que fossem vistos como artistas, não só como gladiadores ou battle rappers, porque há espaço para isso. É arte. Fazemos todos arte”, conclui.


O Dia D realiza-se este sábado no Cinema Scala, em Maputo, com a participação dos rappers Ian Blanco, K9 e Kloro como membros do júri da temporada 2024 do Rapódromo.

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