Resistência anticolonial em exposição no Aljube

A BANTUMEN marcou presença na inauguração da exposição temporária Antes de ser independência, foi luta de libertação, patente no Museu do Aljube, em Lisboa. A mostra apresenta um conjunto expressivo de arquivos do próprio museu, que documentam as múltiplas formas de resistência ao colonialismo português.

Inserida na programação das celebrações dos 50 anos das independências, a exposição convida à reflexão crítica sobre o passado colonial e o percurso de emancipação dos povos colonizados, promovendo o debate e a aprendizagem a partir de uma perspetiva histórica, descolonial e abolicionista. 

Rita Rato é a curadora da exposição e diretora do Museu do Aljube e Víctor Barros e Aurora Almada, dois investigadores afrodescendentes, assinam parte da produção textual que dá corpo e contexto ao espólio apresentado.

Víctor Barros, doutorado em História Contemporânea pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, defende que “as independências não são dádivas nem artifícios políticos”. Segundo o historiador, a independência deve ser entendida como “uma conquista emancipatória e de direitos, que resultou de um conjunto de lutas históricas”, e nunca como uma mera “doação”.

Aurora Almada | Foto Diego Satn

Já Aurora Almada, investigadora no Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa, sublinha que “não é possível compreender verdadeiramente o 25 de Abril sem antes conhecer as lutas anticoloniais”, reforçando a importância de uma abordagem interligada entre o contexto português da revolução e o contexto africano das lutas e da resistência. 

Esta exposição surge na sequência de uma iniciativa anterior do Museu do Aljube, que têm vindo a interrogar criticamente a herança colonial portuguesa e a valorizar as experiências de resistência anticolonial como processos centrais, não só para as independências africanas, bem como, para o fim do fascismo em Portugal.  

A exposição está aberta ao público de 3 de abril de 2025 a 31 de janeiro de 2026.