Rislene estreia "Disisti". Dor, dignidade e um grito cantado em crioulo

Entre Paris (onde vive) e Cabo Verde (onde está plantada a sua origem cultural e emocional), a artista Rislene estreia esta quarta-feira, 16, Disisti, o primeiro avanço do seu álbum de estreia. Numa faixa densa, melancólica e cantada em crioulo cabo-verdiano com subtis nuances em francês, a cantora, rapper e compositora confirma-se como uma voz autêntica e urgente.

Lançado com videoclipe realizado por Diogo Carvalho (Gazella), Disisti é uma canção que vai fundo no silêncio da dor emocional. Fala de depressão, da sensação de gritar por dentro sem ser ouvido, e da solidão que acompanha tantos momentos de sofrimento psicológico. É, acima de tudo, um alerta sobre saúde mental, presença e empatia, temas ainda muitas vezes tabu, sobretudo entre os mais jovens e nas comunidades afrodescendentes.

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Rislene tem construído o seu caminho com letras cruas e poéticas, onde a vulnerabilidade é força. Depois de temas como Consedju di Mana, Tudo Podi Bira Nada e Triste Vida, e de colaborações como Nha Dignidade (produzida por Dadda) ou o remix de Before I Lose My Voice com Richie Campbell, a nomeação para "Artista Revelação" nos Cabo Verde Music Awards veio apenas confirmar o que já se intuía: a sua música é tanto herança como ruptura.

Com Disisti, a artista dá o primeiro vislumbre de um disco que está a nascer em residência artística com produtores como Charlie, Migz e Ariel. O que aí vem promete ser tão íntimo quanto colectivo, como um mapa emocional cantado por quem conhece bem o trânsito entre geografias, línguas e identidades.

A recordar que, em novembro de 2024, a artista foi uma das principais atuações da gala Powerlist BANTUMEN 100, de homenagem a 100 personalidades negras mais influentes do ano.