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MIA 2024

Ritmos de Resistência: a ascensão do Rap CIA em Angola

18 de Outubro de 2024
Ritmos de Resistência: a ascensão do Rap CIA em Angola

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O rap, reconhecido pela sua capacidade de englobar diversidade a todos os níveis, ultrapassa barreiras culturais e sociais, atraindo adeptos de todas as idades e capacidades, incluindo crianças e pessoas com dificuldades de fala, desde que possuam ritmo no seu ADN.


Nos Estados Unidos, berço do rap, o estilo evoluiu para incluir diversos subgéneros como boom-bap, trap, crunk, rap progressivo e drill, que refletem diferentes realidades sociais através de uma linguagem rica e contextual. Em Angola, temos o Rap CIA, um subgénero que surgiu em 2016, especificamente nos guetos da cidade de Luanda, nas zonas sul e norte, particularmente nos bairros e áreas periféricas da capital.


A base musical deste subgénero angolano apoia-se em batidas de rap, particularmente do subgénero Drill, e incorpora elementos sonoros do Jersey e da música com duro. A habilidade dos rappers é influenciada pelos ritmos do Kuduro, enquanto os conteúdos líricos são profundamente baseados nas vivências das periferias de Angola, marcadas pelo consumo de drogas, miséria, pobreza e criminalidade, fruto da falta de oportunidades nessas áreas.

Além do rapper Pitt Kelson, o grupo que catalisou o surgimento e pode ser considerado como os "pais" do estilo são os Séketxe, originários das zonas suburbanas de Luanda. Estes artistas reuniram as suas experiências de rua para dar voz a uma população que luta diariamente pela sobrevivência.


Originalmente focados no Kuduro, os discursos iniciais do grupo centravam-se nas guerras de catanas entre gangs. Com o tempo, evoluíram a nível lírico e musical, deslocando os seus discursos contra as práticas criminais para os instrumentais mais pesados do Drill.


Os membros do grupo são provenientes de distritos como Morrão (Morro Bento), Kikolo em Cacuaco, Prenda, Cazenga, Papá Simão em Viana e o Talatona Ghetto, trazendo consigo as suas experiências individuais que decidiram harmonizar através da música.


Numa altura em que o rap angolano é dominado por artistas de trap que reflectem uma realidade distante da maioria dos jovens, com ostentações como roupas de marca, viagens e carros, o Rap CIA tem vindo a crescer gradualmente, tanto em termos de consumidores como de criadores, mostrando-se como uma forte concorrência ao trap. Artistas como os 78 Matanga dos Quentes, Young CIA, Kubelão, Francys Rap, Addy Killa e Pitt Kelson são alguns dos nomes que agora marcam presença na cena do Rap CIA.

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