"Nome", último filme de Sana Na N’hada, chega a Portugal já em fevereiro

15 de Janeiro de 2025

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Nome, a quarta longa-metragem do realizador guineense Sana Na N’hada chega aos cinemas portugueses a 6 de fevereiro, depois de ter esgotado a Cinemateca Portugesa na ante-estreia, no festival Indie Lisboa 2024.


A obra aborda a história e os desafios contemporâneos da Guiné-Bissau e assinala a comemoração 50 da independência das colónias. A produção reúne esforços de várias entidades, incluindo a portuguesa Lx Filmes, a angolana Geração 80, e produtoras de França e da própria Guiné-Bissau, refletindo o caráter colaborativo e transnacional do projeto.


Nome teve a sua estreia mundial em 2023 no ACID de Cannes (França), desde então, a obra tem recebido amplo reconhecimento em festivais internacionais. Foi premiada no Festival International du Film Independant de Bordeaux 2023, conquistando o Grande Prémio da Competição Internacional e uma menção especial para a atriz Binete Undonque. No Festival Internacional de Cinema Panafricano de Luanda 2023, destacou-se ao receber os prémios de Melhor Filme, Melhor Realização e Melhor Atriz, novamente para Undonque.


Outros destaques incluem a sua participação no IFFR 2024 - International Film Festival Rotterdam, na secção Harbour, e no festival Du Grain à Démoudre 2023, onde recebeu o Prémio de Melhor Longa-Metragem. Em Portugal, o filme foi exibido em antestreia no IndieLisboa, na secção Rizoma, com uma sessão especial esgotada na Cinemateca Portuguesa, que contou com a presença de Sana Na N’hada, Binete Undonque e o músico Remna Schwarz, autor da banda sonora original.


Uma reflexão profunda sobre a Guiné-Bissau


Com Nome, Sana Na N’hada volta a abordar temas centrais no seu trabalho: a memória da ocupação colonial, as lutas pela independência e as transformações sociais e ecológicas que moldaram a Guiné-Bissau. O filme transporta o público para o ano de 1969, durante a guerra de libertação contra o exército colonial português. A narrativa segue Nome, um jovem que abandona o seu vilarejo para se juntar à luta guerrilheira. O regresso como herói, anos depois, é marcado por uma mistura de celebração e desilusão, levantando questões sobre o impacto da independência no país e nos seus habitantes.


Em entrevista à RTP África, o realizador afirmou: “É revoltante. Tudo o que está a acontecer na Guiné-Bissau. Tudo, desde o fim da guerra até agora, bom ou mau, é da nossa responsabilidade. A única coisa que nos juntava e a única coisa que nos juntou até hoje foi a Guiné-Bissau. Antes, o desígnio era a edificação da Guiné-Bissau. Hoje, temos a Guiné. A minha questão para este filme é a que faço todos os dias: será que é essa a Guiné-Bissau que estou a sentir, que estou a ver e a ouvir, pela qual lutámos?”


Este questionamento atravessa toda a obra de Sana Na N’hada, que documentou a guerra da independência e continua a explorar, através do cinema, as consequências políticas e sociais desse período. O filme reflete ainda sobre a destruição das sociedades tradicionais e dos modelos ecológicos em que as comunidades viviam em harmonia com a natureza.


Após uma estreia bem-sucedida em França, onde recebeu elogios da crítica, Nome consolida Sana Na N’hada como uma das vozes mais importantes do cinema guineense e panafricano. A obra convida o público a refletir sobre o passado, o presente e o futuro da Guiné-Bissau, questionando os ideais de liberdade e união que moldaram o país.

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