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6 vezes que Beyoncé nos ensinou algo sobre nós mesmos e a sociedade

Beyoncé | DR
Beyoncé | DR

A Queen B anunciou recentemente que o seu sétimo álbum de estúdio está para chegar esta sexta-feira, 29 de julho, e, como a cantora norte-americana tem vindo a habituar-nos nos últimos anos, parece que vem aí mais uma revolução. Nao só musical, mas social, ou não fora Beyoncé também rainha da frase certa, no momento certo, para causar impacto muito além de ouros, platinas e milhões de streams

Desde que se lançou a solo, a antiga integrante da girl’s band Destiny’s Child tem pautado a sua música de ativismo e mensagens para fazer tremer estruturas sociais e políticas, não só nos Estados Unidos como um pouco por todo o mundo. 

Enquanto esperamos o tão desejado Renaissance, vale a pena rever algumas das lições que Beyoncé transmitiu através da sua música, até agora.

If I Were a Boy (2008)

Comecemos porIf I Were a Boy, uma música produzida para o terceiro álbum de estúdio de Beyoncé, I Am Sasha Fierce, lançado em 2008. Aparentemente uma balada sobre um desgosto amoroso, a música é, no entanto, um comentário aos padrões da sociedade no que toca a homens e mulheres. Através da inversão de papéis, tenta questionar as diferenças de atitudes dos homens para com as mulheres e como essas atitudes são vistas de maneiras diferentes pela sociedade. 

Entre muitas outras coisas, o interessante da canção é que Beyoncé consegue tocar em temas muito pertinentes para várias mulheres em tom de chamada de atenção para vários homens. De uma forma crítica sem ser insistente, num espírito frustrado, mas ainda assim com a paciência de explicar a um homem como deve tratar a namorada. 

Haunted/Ghost (2014)

Tecnicamente duas partes da mesma música, “Haunted” e “Ghost”, podem ser ouvidas no quinto e homónimo álbum da cantora, Beyoncé, lançado em 2013. Nas duas músicas, Beyoncé canta sobre a forma como o seu passado e imagem ainda a perseguem como uma assombração e como a indústria musical tenta ditar as regras da sua vida e carreira. Através destas músicas, a cantora tenta passar uma mensagem de que todos nós tendemos a deixar que outros nos digam o que devemos ou não fazer, em vez de escolhermos a nossa própria felicidade. 

Aqui, a mensagem é claramente de empoderamento, o que está também presente no vídeo produzido para as músicas, onde Beyoncé retrata, de uma forma muito criativa, os medos (sub)conscientes da sociedade: desde a sexualidade masculina negra como uma ameaça à pureza das mulheres brancas, passando pela liberdade sexual feminina até às formas de amor e sexo que fogem às ideias heteronormativas. 

Pretty Hurts (2014)

Esta é uma daquelas músicas que foram escritas pela própria Beyoncé. Não admira portanto que faça também parte do quinto álbum. Produzida pela cantora australiana Sia, “Pretty Hurts” é uma balada pop e soul que tenta (e consegue perfeitamente) criticar os altos padrões de beleza da sociedade e demonstrar as suas consequências. De facto, a música não precisa de explicações muito elaboradas. Frases como “Perfection is a disease of a nation” [a perfeição é uma doença de uma nação] e “It’s the soul that needs a surgery” [é a alma que precisa de cirurgia] mostram claramente a mensagem que a cantora tenta transmitir: a importância do amor próprio e os perigos da procura incessante da perfeição. 

Flawless (2014)

Esta é uma expressão que ultrapassa a própria Beyoncé mas que a cantora ajudou a propagar como arma de arremesso contra o machismo. Também ela parte do quinto álbum, “Flawless” é provavelmente uma das canções mais controversas. Este hip-hop sombrio mas, ao mesmo tempo divertido, incorpora um trecho do discurso da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie para criticar os preconceitos e exigências da sociedade relativamente às mulheres e inspirá-las, de uma forma quase arrogante, a terem orgulho em si mesmas e da sua feminilidade. Mas a cantora não se fica pela importância da aparência física, mas critica claramente a forma como a mulher é ainda vista como ser humano inferior fora da união com um homem. Através de frases como “I took some time to live my life. But don’t think I’m just his little wife”, Beyoncé faz um apelo à importancia das mulheres de manterem a sua identidade e as suas próprias aspiraçoes de vida, ainda que se dediquem à sua família. 

Formation (2016)

Esta música dispensa apresentações. Formation foi o primeiro single do sexto álbum de estúdio da artista, intitulado Lemonade. É um R&B com influências de trap e bounce, onde a cantora celebra a sua cultura, raízes e sucesso como mulher negra.  É, mais uma vez, uma tentativa bem conseguida de questionar os preconceitos, mas desta vez a cantora aceita-os como características das quais se orgulha. 

Ainda que Beyoncé tem vindo a incluir o empoderamento feminino nas suas músicas desde muito cedo, em Formation, a cantora expressa o seu poder sobre a sua identidade cultural sem dar importância às críticas ou estereótipos sociais. 

Arriscaria dizer que, para entender a totalidade de mensagens desta música é necessário desprender-nos das nossas vivências diárias, em muitos casos privilegiadas. Formation é quase um hino a todos os membros da cultura negra, e também queer, que normalmente suportam o peso da políticas mundiais, ao mesmo tempo que incentiva o ativismo e a luta por direitos humanos básicos como a igualdade. 

Daddy Lessons (2016)

Incluída no album Lemonade, “Daddy Lessons” é provavelmente aquela que todos nós menos esperávamos encontrar no repertório de Beyoncé. Porquê? Porque é uma música country com tons de jazz. Ainda que Beyoncé tenha crescido no Texas (onde a música country reina), este não é de todo um estilo musical a que a cantora nos tenha habituado. No entanto, este é sem dúvida o melhor estilo que podia ter encontrado para passar a mensagem central da música: uma auto-reflexão sobre a falta de confiança no mundo e nos outros que é passada de geração em geração. Na música escrita em colaboração com a norte-americana Wynter Gordon e que chegou a ter um remix com a banda de country Dixie Chicks, Beyoncé mergulha também de forma subtil no relacionamento quase abusivo dos pais para com as suas filhas e a pressaão sentida em diversas situações para ser a mulher (e esposa perfeita) e duvidar das intenções de qualquer homem. Ainda assim, é também uma música sobre “ir à guerra, sobre lutar contra o mal, sobre disparar antes de levar um tiro”, como descreveu o jornalista Spenser Kornhaber. Em “Daddy Lessons”, Beyoncé transmite como os ensinamentos do seu pai, apesar de duros, a tornaram a mulher forte e bem sucedida que é hoje, pronta a defender os seus direitos. 

Mas os ensinamentos que Beyoncé nos transmite através da sua música não ficam certamente por aqui. Basta pensar em projetos como Black Parade ou The Lion King: The Gift, que são sem dúvida homenagens assumidas à cultura negra e formas de arte contra o racismo. Explorar as mensagens propositadamente não subliminares de Beyoncé pode ser um exercício de reflexão sobre o mundo e sobre nós mesmos. 

Amanhã, 29, saberemos o que nos vai trazer o novo Renaissance. Mas a avaliar pelo sucesso do primeiro singleBreak My Soul”, um house sobre felicidade e amor próprio, é caso para dizer que este álbum vem aí para “run the world”

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