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Bob Da Rage Sense e a falta de swing da música portuguesa

Bob da Rage Sense
Bob da Rage Sense | © Bruno Dinis/BANTUMEN

Bob Da Rage Sense está entre os nome mais conhecidos da velha guarda do movimento hip-hop em português, com destaque para Angola e Portugal.

O rapper completa este ano o seu quadragésimo aniversário e tem nas costas mais de 20 anos de carreia, com uma discografia de sete álbuns editados, dois dos quais não oficias (Orgânico vol.1 e 2, em colaboração com DJ Scotch) e atuações em festivais como Super Bock Super Rock e Nos Alive, em Portugal, e lotação esgotada no concerto de 20 anos de carreia em Angola com mais de 1500 pessoas.

O seu gosto pela música nasceu através do pai, grande admirador do lendário Bob Marley, The Wailers e P. Mackintosh. Foi destas influências do pai e dos seus ídolos de juventude, Rage Against The Machine e Common Sense, que surgiu o seu nome artístico – Bob Da Rage Sense.

Em agosto do ano passado, estivemos à conversa com Bob sobre o processo de gravação do seu sexto álbum de originais e da influência da música negra na indústria da música em Portugal.

Bob da Rage Sense
Bob da Rage Sense | © Bruno Dinis/BANTUMEN

Desta vez, aproveitámos a passagem do rapper por Portugal – uma vez que está atualmente a residir em Londres – para falarmos sobre as principais diferenças entre o rap feito em Angola e em Portugal, e o artista também falou sobre a falta de swing da música portuguesa.

O artista começa por explicar que, com o atual contexto sociopolítico em Angola, é difícil pensar em qualquer tipo de organização que possa dar início a uma indústria musical.

Bob também fala sobre a particularidade da música urbana portuguesa ser apenas local e que nem o facto de existir indústria musical portuguesa faz com que haja rappers portugueses a tocaram além de Portugal e das suas comunidades.

Atualmente, o artista tem estado em estúdio com o amigo de infância Mad Superstar, a finalizar as captações do seu sexto álbum de originais, que terá como título Divina Tragédia.

O título da obra é inspirado no famoso Divina Comédia, de Dante, poema longo épico e teológico da literatura italiana. Na sua génese sonora, o projeto conta com as mãos mágicas de mega produtores angolanos e portugueses como Mad Superstar, Madkutz, Syn e DH.

Este Divina Tragédia é o álbum onde Bob reinventa-se, sai do boom bap e deixa-se levar por novas sonoridades do rap, ao estilo de J. Cole, Kendrick Lamar e Joyner Lucas. E não foi apenas a melodia que evoluiu. “Depois de Ordem Depois do Caos, numa altura em que a minha mensagem sempre esteve direcionada para Angola, os meus conteúdos sempre estiveram num nível sócio-político e onde sempre marquei uma posição. Importo-me com questões políticas, revolucionárias e sociais e os seres humanos são seres evolutivos. A ideia que eu tinha há dez anos sobre um assunto não é a ideia que tenho hoje sobre o mesmo assunto. isso só mostra que somos seres constantemente a evoluir. Como criativo, continuo a preocupar-me com a sociedade, mas não quero prender-me a isso”, disse.

“Este novo álbum é um álbum lírico, com canções mais líricas, a tocar noutros temas. Não quero viver esteriotipado. Não sou revu, sou artista”, salienta.

Assim, vamos poder ouvir Bob falar sobre depressão, relações, interpessoais, relações amorosas e não só. “O álbum tem um fio condutor e o título está em sintonia perfeita com esse fio condutor. São outras coisas com que as pessoas vão identificar-se”.

Além das participações nas produções, em estúdio, Bob vai ter no álbum Phedilson, dos Ascensão e D3gv$, da B.Unik.

Apesar de Divina Tragédia não ser um álbum revú, vai também tocar neste tema da apropriação, porque, tal como diz Bob, “tudo o que se faz hoje em dia é música dos blacks. Antes era discriminado porque era música dos blacks, hoje os brancos já gostam e já é música de todos.

Sobre a data de saída, o artista prefere não adiantar ainda uma data, mas avança que será este ano e, para já, não tem uma label associada ao projeto.

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

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