Prestes a atingir a maioridade, Uami Ndongadas nasceu e foi criado no Kinaxixi, em Luanda. Por altura do seu nascimento, em 2001, os SSP editavam o álbum Alfa, pela Vidisco.
Apesar ter nascido na mesma altura em que os angolanos cantavam “Chama Por Mim (Se Precisares)”, dos SSP, as referências musicais de Ndongadas são Heavy C e Anselmo Ralph. Porque sempre foram referências no mercado angolano e mesmo depois com o surgimento de muitos outros artistas talentosos continuou a vê-los as suas referências de base.
Atuamente vive do outro lado da cidade de Luanda, no Kilamba. Foi lá que entrou em estúdio pela primeira vez e que saiu o seu primeiro single que fez algum barulho nas redes sociais.
O rap feito em Angola é especial
A atração pela cultura Hip-Hop nasceu e foi desenvolvida com base no que o movimento a nível nacional. Ndongadas nunca foi muito de ouvir rap americano, sempre preferiu o dNdongadas “banda”. “Aprendi a gostar do rap da banda e até acho que é o melhor”, disse-nos o próprio.
“O rap feito em Angola é especial e a nova geração e tem feito muito bom trabalho e de certa forma souberam relançar o movimento. Em especial os Mobbers, CFK, TRX, B UNIK, Young Splash, Young Family e mais alguns que têm mudado muito a minha maneira de olhar para o movimento.”
Sobre como vê o que se tem produzido em Angola, em relação ao que se produz em Portugal, o rapper acredita que não podem haver comparações. “Não acho que temos perdido espaço para rap de Portugal porque o nosso rap é o nosso rap. Eu posso ouvir rappers que trabalham de diferentes maneiras mas o rap da banda é o rap da banda. Nunca iremos perder o nosso espaço porque sabemos o que é o nosso rap. Eu conheço o rap português e tenho ouvido bons trabalhos, como produções do Boss AC, Piruka, Haloween, Wet Bed Gang e muitos mais.”
Quero também continuar a ser quem sou

Sobre o futuro: “o que mais importa na minha carreira agora é continuar a lançar, pois é o que mais gosto de fazer independentemente de tudo… fama, dinheiro, etc. Embora sejam consequências do que fazemos. Quero também continuar a ser quem sou, uma pessoa normal – não demasiado vulgar, mas uma pessoa normal.”
Uami Ndongadas, tal como é conhecido artisticamente, começou a chamar atenção depois do single “Hipócrita”, com a participação de Kelson Most Wanted. Esta faixa abriu portas para ganhar o seu espaço na nova escola do rap angolano.
Estreou-se no mundo da música oficialmente com o lançamento do seu primeiro trabalho discográfico Eksōtikós, que é assinado pela B-ÜNIK Entertainment, label da qual faz parte.
“Eksōtikós é uma palavra do grega (exótico em português), e significa algo esquisito, que não é comum e que expressa extravagância, ou excentricidade”, explicou Uami.
O projeto tem 11 faixas no Soundcloud e na Apple Music e Spotify tem mais uma. Tem as participações de Lio e Breana Marin, cantora e compositora de R&B baseada em Los Angeles.
Ndongadas pertence à B-ÜNIK Entertainment por ser um grupo com que se identifica. “Acho que é um grupo exótico e extravagante e eu gosto disso. Também porque a B-ÜNIK já se tinha posicionado no game, tinham um bom conceito e eu precisava de um grupo que tivesse isso. E hoje em dia vejo-os como um grupo e também como uma família.”
Sobre os objetivos a curto e longo prazo, “quero alcançar grandes patamares e fazer da música uma hereditariedade, uma sucessão para as gerações seguintes. Eu não quero que o rap morra, quero que ele vá mais além, quero mais produtores, mais rappers. Mas também quero ser uma referência, é um dos meus objetivos para a música”.
A popularidade de Uami no Soundcloud é notória. O rapper acredita que esta se deve à qualidade da sua música e agradece às pessoas que ouvem o seu trabalho.
“Nos próximos tempos podem com certeza esperar mais músicas, métrica, mais duplo sentido porque eu canto em função do desenvolvimento do mundo.”