Welket Bungué assina uma curadoria de curtas-metragens de realizadores afro-descendentes que está disponível até ao dia 28 de junho, nas redes sociais do Young South Film Festival.
Com a participação dos premiados realizadores Ana F. Cavalcanti, Julia Zakia, Katya Aragão, Vanessa Fernandes, Lolo Arziki, Daniel Santos e Yuri Costa, este novo projeto do Young South Film Festival pretende assumir o dever enquanto festival “que se define como plataforma de suporte a vozes que podem acrescentar à nossa percepção intelectual e sociológica.”
Durante a fase de pré-produção de um novo projeto, a organização do Young South Film Festival deparou-se com uma lacuna de realizadores afro-descendentes com trabalho promovido em Portugal. “O foco que a cultura afro-descendente tem tido nas últimas semanas, tornou ainda mais importante a sua valorização e promoção.”, assume Diogo Simão, diretor do festival. Nesse sentido, a direcção desafiou Welket Bungué, artista transdisciplinar guineense-português, a criar “uma curadoria abrangente e desafiadora de seis curtas-metragens de realizadoras e realizadores afro-descendentes.”
“Cinema, cinema de relevância, cinema de representatividade, cinema composto de uma pluralidade subjetiva que se revê num objetivo comum, global, naquele que é o desejo de contar histórias ímpares baseadas numa subjetividade libertadora”, explica o ator e realizador de etnia balanta.
Os filmes presentes no festival, descrito pelos seus realizadores:
Homestay – Uma realização que ecoa “discursos resgatados de mulheres inabaláveis na sua convicção e que, prontamente, assumem a liderança dos seus sonhos, levando-nos a compreender melhor quais os impactos iminentes das transformações causadas pela globalização”.
Mina Kiá – 3Uma homenagem sensível e denunciadora de uma prática degenerativa que explora a individualidade feminina, perpetrado por um perfil de cidadãos perversamente privilegiados e que terão de lidar com a crítica social que o filme empossa discursivamente através de ações que revelam toda uma infância-adolescência que se vai desvanecendo”.
Eleguá – “É de uma crueza arrebatadora, naquilo que é o sentimento de profunda solidão que invade o indivíduo quando “desperta” para um verdadeiro diálogo interior que convulsivamente nos transporta para o âmago da nossa ancestralidade.”
Intervenção Jah – “Bélico, xamânico, e solar no seu desejo de aquilombamento, dirigido aos idos irmãos e irmãs, placidamente apagados na rotina de violências estruturais que abalam o estado democrático e de direito no Brasil, refletindo um paradigma de uma sociedade vítima de um gangrenoso cinismo ostracizante”.
Tradição e Imaginação – “É um filme que invoca o tempo, convidando-nos a olhar e a ver para melhor entender. É um raiar de cosmogonias hereditárias, vivas no hoje e em cada um de nós.”
‘Rã‘ – “É um filme que se eleva no caráter imarcescível da resiliência feminina, que em si é transgressor perante o opróbrio comportamental das sociedades elitizantes, firmemente enraizadas nas tradições patriarcais, “esbofeteando” o preconceituoso apagão social-político que subestima as estruturas comunitárias, que se sustentam de recursos e funcionalidades essenciais, que são construídas através de uma diligente relação da mãe-Mulher com as próprias filhas descendentes.”
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