Quando é a altura certa para falar com uma criança sobre identidade, legado ou racismo? Como cultivar numa criança o pensamento crítico? Não há provavelmente uma resposta certa para estas questões mas há um filme em cartaz, em Portugal, que dá-nos uma perspetiva sobre como um homem de 82 anos o fez com a filha de 12 anos.
Daniel e Daniela está em cartaz no cinema City em Alvalade, em Lisboa, e o argumento deste filme-documentário, da jornalista portuguesa Sofia Pinto Coelho, fala-nos sobre racismo, colonialismo, mas sobretudo de legado, História e identidade. Tudo, em conversas entre pai e filha, de gerações muito distantes, e durante uma viagem às origens, entre a Guiné Bissau, Cabo Verde e São Tomé.
Com quase 90 anos de vida, Daniel Nunes é cabo-verdiano, engenheiro de profissão, trabalhou em vários países africanos e os livros que foi adquirindo ao longo dos anos constituem hoje a maior coleção privada sobre a África Lusófona. Já Daniela, em plena adolescência – o documentário foi rodado quando tinha apenas 12 anos -, começa agora a olhar para si e para a sua história, enquanto africana, de um prisma mais consciente e inquisitivo, próprio de quem se está a descobrir.
Estivemos à conversa com ambos e Daniela falou-nos sobre como foi fazer parte deste filme, sobre o que sentiu ao regressar à Guiné-Bissau, onde nasceu, a Cabo Verde, terra natal do pai, e ao descobrir São Tomé.
Na visão de Daniel, ficámos a perceber que não há uma idade certa para se iniciar as conversas sobre identidade, racismo e colonialismo e que é dever de cada cidadão ajudar o Estado a colmatar as suas próprias lacunas. “O Estado tem deveres e obrigações mas nós é que temos de fazer o Estado cumprir esses deveres e obrigações e, para o fazer, temos de participar e ao participar temos de exigir”, disse-nos.
Podes ouvir a conversa e descobrir mais sobre o filme Daniel e Daniela [ainda em exibição no cinema City Alvalade, em Lisboa] na íntegra através do player acima.
