O percurso de Deejay Télio está longe de ser um acaso. Em Portugal, é um dos produtores e artistas de maior sucesso dentro das sonoridades que bebem do afropop, sendo um dos pioneiros do género no país. O estilo que denominou de Karanganhada é hoje referência em terras lusas, como em todos os PALOP, e na bagagem acumula mais de 230 milhões de streams, dois discos de platina, quatro de ouro e mais de 650 mil seguidores nas redes sociais.
É neste embalo que o artista acaba de lançar Olho de Tigre, um EP com cinco músicas que nasceu de um conjunto de coincidências e que dita os próximos passos do “patrão” do Vale da Amoreira.
Sentados no restaurante Rei da Cachupa, em Arroios (Lisboa), Telio falou-nos sobre este novo lançamento e do sentimento que ficou depois de alcançar a certificação de Disco de Ouro, com o álbum D’Ouro.
“Senti-me bué bem em conseguir atingir um álbum de ouro, ainda para mais na pandemia, sabendo que estava tudo fechado e as pessoas estavam preocupadas com os seus assuntos pessoais e, ainda assim, houve espaço para ouvir música, para curtir a vibe. As pessoas não deixaram de sentir a vibe, mesmo preocupadas com o seu futuro. Então, foi algo super positivo para mim. Se não estivéssemos em pandemia, talvez atingíssemos outros prémios e não só um álbum de ouro”, retorquiu o músico e produtor.
Com isto tudo, passaram-se dois anos e só agora – desde que tudo começou a voltar a uma quase normalidade – é que o Deejay tem conseguido ver e sentir o feedback positivo do álbum, ao subir em diferentes palcos para cantar o D’Ouro e ouvir e ver as pessoas a cantar com ele e “sentir aquele calor humano”. “Só agora realmente estamos a ver o que foi o álbum D’Ouro e é super positivo”, sublinhou.
Entretanto, o seu ser irrequieto levou-o a continuar a trabalhar em novas músicas, que resultaram agora no novo projeto, Olho de Tigre.
Este 2022, de acordo com o horóscopo chinês, é o ano do Tigre de Água, que se caracteriza pela sede de liberdade e pela necessidade de causar revoluções. Contundo, engana-se quem pensar que o título do EP de Telio tem alguma ligação, pelo menos intencional, com o calendário asiático. “A ideia do projeto Olho de Tigre não teve nada a ver com o calendário chinês [como se pensa]. Não teve nada a ver com nada (risos). A cena foi que no Brasil, onde fomos trabalhar em janeiro – com uma equipa e uma label brasileira – começaram a chamar-me de ‘Telio Tigre’, ‘e aí tigre?’, ‘Telio Tigre, qual é?’, então basicamente foi assim. Esse nome ficou entre nós, os de lá”.
Quando o team voltou para Portugal, já no processo de finalização do EP, faltava definir o nome do projeto. Numa reunião com o propósito de decidir o título, a indecisão foi a palavra de ordem. “E de repente: porque não tigre?! Mas a cena do tigre era muito vago, só o nome assim. Há um outro significado como o olho de tigre, que já significa outras coisas”, explicou.
Aí, outro acaso operou. “Do nada, muito por acaso, o meu manager ofereceu-nos pulseiras com pedras energéticas e a minha dizia ‘olho de tigre’ e nós não sabíamos de nada, quando fomos ler sobre o significado das pedras é que percebemos. E outra coincidência é que este ano é o ano do tigre” segundo os chineses, é o Ano do Tigre, um dos 12 signos do horóscopo chinês, ” são coisas que eu não fazia ideia e nem conhecia, há dois meses atrás”, acrescentou.
“E do nada, muito por acaso, o meu manager ofereceu-nos pulseiras com pedras energéticas, e a minha dizia ‘olho de tigre’ e nós não sabíamos de nada, quando fomos ler sobre o significado das pedras é que percebemos. E outra coincidência é que este ano é o ano do tigre”, um dos 12 signos do horóscopo chinês. ”São coisas que eu não fazia ideia e nem conhecia há dois meses”, acrescentou.
O processo criativo deste EP foi diferente dos trabalhos anteriores, até nos tipos de música selecionadas. Nos outros EPs, o artista produzia entre 30 a 40 músicas para depois selecionar apenas sete ou mais para um único trabalho. Para Olho de Tigre, Telio diz ter sido mais objetivo.
A ideia era trazer coisas novas e diferentes para os seus seguidores e fãs e foi isso que quis transmitir com as duas únicas colaborações no EP. De acordo com Deejay Telio, as mesmas surgiram de forma espontânea e caíram que nem uma luva neste trabalho.
“Quando gravo e tenho um projeto novo, penso sempre que cada trabalho é um trabalho e cada resultado é um resultado”, confessou-nos fazendo referência à pressão que existe na indústria musical para superar as métricas dos trabalhos anteriores. Isso não o preocupa. Não pensa em superação, pensa em ser diferente, não espera o mesmo resultado de jogos diferentes. Sempre exigiu de si a naturalidade de sempre, “quando a minha cena não é natural prefiro ficar só no estúdio com o pessoal. A minha cena sempre foi fazer, sem pressão de lançar, tem de ser natural. A gente tem de aprender com qualquer tipo de resultado, seja ele positivo ou negativo” concluiu.
Apesar do EP já estar lançado, Telio não quer deixar de lançar. Quer terminar o ano em grande e com coisas novas. Até lá, faz play abaixo para veres e ouvires um pouco da conversa com o artista.