Procurar
Close this search box.

22 anos depois de Sara Tavares, chegou a vez de Dino D’Santiago nos Globo de Ouro

Dino D'Santiago
Dino D'Santiago | 📷: SIC

Dentro do esquema “um de cada vez, em fila indiana e bem espaçados entre um e outro”, chegou a vez de Dino D’Santiago levar o Globo de Ouro de Melhor Intérprete, na premiação anual organizada pela estação de televisão SIC.

O artista português subiu ao palco da gala, que decorreu no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, para celebrar mais um momento da sua brilhante trajetória, que começou a bombar em 2018, com o lançamento do álbum Mundu Nôbu.

Desde então, Dino já lançou o EP Sotavento, o remix de Mundu Nobû, no formato EP, em 2019; o álbum Kriola em 2020 e, em 2021, o aclamado álbum de originais Badiu, que tem levado o artista em digressão pelos 18 distritos de Portugal.

A primeira vez que um artista negro venceu a categoria de Melhor Intérprete Individual, nos Globos de Ouro, tinha o Dino D’Santiago 18 anos e ainda era conhecido apenas como Claudino Pereira. Sara Tavares foi a feliz vencedora em abril de 2000.

Depois disso, em 2006, tivemos a luso-moçabicana Mariza, que também é uma das nossas, com o álbum Transparente, e novamente em 2009 com o álbum Terra. Para não sermos totalmente injustos, vale também recordar que, fora da categoria Melhor Intérprete, tivemos os Da Weasel em 2005, como Melhor Grupo e Melhor Canção (“Re-Tratamento”) e em 2006 a Melhor Canção foi “Princesa” de Boss AC .

No prémio Melhor Grupo, voltámos a ver os Da Weasel, em 2008, e no ano seguinte foi a vez dos Buraka Som Sistema. Nove anos depois, 2018, chegaram os HMB. A ressaltar que, estes grupos são mistos, apesar de a maioria dos membros ou os intérpretes principais serem negros.

Há ainda os modelos Sharam Diniz, em 2013, e Fernando Cabral, em 2014, e no desporto Nelson Évora, em 2009 e 2010. No prémio Mérito e Excelência, Eusébio da Silva Ferreira foi um dos homenageados, em 2004, dez anos antes de morrer.

Voltando ao tema central deste texto, quanto à música, não temos muito a comentar. Em 26 anos de Globos de Ouro venceram como Melhor Intérprete duas pessoas negras e uma mestiça. Numa perspetiva de proporcionalidade, estamos a falar de cerca 12% de chances de uma vencer o prémio de Melhor Intérprete. O que seria perfeitamente justo, em relação ao número (hipotético, porque não existem dados) de pessoas negras em Portugal. Justo, isto se a principal sustentabilidade da música em Portugal não tivesse como base a música negra. Vejam-se os números de concertos feitos por ano, os tops nas principais plataformas de streaming, o número de vendas físicas ou digitas ou ainda o números de artistas negros portugueses assinados nas principais labels em Portugal. Sem esquecer os singles e discos de Platina e Ouro alcançados por esses artistas.

Ainda bem que a nossa comunidade olha para estas premiações da mesma forma que as pessoas brancas olham para as problemáticas raciais em Portugal.

Ainda bem que existe já uma longa tradição da espera, em fila. Seja a lutar pelos nossos direitos, pela libertação dos nossos países de origem ou pelo direito à nacionalidade.

Parabéns ao Dino D’Santiago que tem feito uma carreira brilhante, que não começou com Mundu Nôbu mas com a sua participação no concurso de talentos da RTP “Operação Triunfo”, em 2003, e com a integração em grupos como Expensive Soul ou Nu Soul Family.

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

Recomendações

Procurar
Close this search box.

OUTROS

Um espaço plural, onde experimentamos o  potencial da angolanidade.

Toda a actualidade sobre Comunicação, Publicidade, Empreendedorismo e o Impacto das marcas da Lusofonia.

MAIS POPULARES