Se é verdade que nos últimos anos Portugal se tem afirmado como país ideal para investir na área tecnológica – a realização da Web Summit em terras lusas é disso exemplo, – não é menos verdade que toda essa implosão traz à tona um problema real e já conhecido por ser extensível a outras áreas: a representatividade. Neste caso específico, a existência de black founders.
Quem são? Onde estão? Em que áreas se formaram? Que negócios estão a criar e de que forma podem ser incluídos neste universo de startups, empreendedorismo, inovação e tecnologia?
Um estudo realizado pela Djassi África, empresa de investimento criada por Fernando e Rudolph Cabral, dois irmãos guineenses com vasta experiência em empreendedorismo e criação de negócios, mostra-nos que cerca de 1% dos criadores de startups a nível europeu são negros. A percentagem tende a diminuir se olharmos para o universo de empreendedoras negras, que se fazem representar com valores entre os 0,3 e os 0,7%, dependendo do estágio em que se encontra o negócio.
Olhando para o cenário atual em Portugal, os empreendedores negros representam menos de 1% de todo o ecossistema digital. Para Fernando e Rudolph Cabral a percentagem reduzida não se deve à inexistência de jovens empreendedores, mas sim à falta de mapeamento. Não saber onde estão, o que fazem e por onde se movem torna difícil um processo que por si só não é fácil.
Numa altura em que a agenda se divide acima de tudo entre inclusão, inovação e sustentabilidade, o que leva Portugal a colocar tudo isso em causa ao deixar os empreendedores negros de fora? Ainda que não haja uma resposta concreta, há uma iniciativa que pode ser o princípio da solução.
A Djassi África lança hoje o Afropreneurs.pt, um portal que se propõe a mapear black founders em Portugal. Todos os africano ou afrodescendente residentes em Portugal que tenham uma startup, um negócio digital ou uma ideia de negócio podem preencher o questionário presente na página.
A iniciativa surge para estabelecer um ponto de partida para o desenvolvimento de estratégias, programas e incentivos de apoio aos Afroempreendedores e acima de tudo para passar a incluí-los nas redes de apoio e investimento. Uma vez feito o mapeamento, o passa seguinte passa por colaborar com o ecossistema português para o desenvolvimento de programas direcionados a Afroempreendedores.
De uma forma geral, o portal propõe-se a colmatar a falta de dados relevantes em Portugal sobre Afroempreendedores e os seus negócios, reforçando o seu compromisso com a inovação, representatividade e inclusão.
Todos os empreendedores interessados devem preencher o questionário até ao dia 31 de julho.
Marisa Rodrigues
Inconformada por natureza, acredito que o sucesso é um processo de
melhoria contínua.
Apaixonada pelas liberdades e oportunidades que a vida tem para
oferecer. Teimosa o suficiente para não desistir, inteligente o
suficiente para saber quando desistir.