"Best of" das artes visuais africana e afrodiaspórica em Portugal em 2024

Depois de três edições, a BANTUMEN volta a revelar a Best of das Artes, lista onde apresentamos as melhores exposições de artes visuais de artistas racializadas/os em Portugal.

À semelhança dos anos anteriores, a lista foi concebida por uma equipa internacional de curadores, artistas e consultores de arte contemporânea baseados em Portugal, como a luso-caboverdiana Melissa Rodrigues, a dominicana-norte-americana Sarah Lewis-Cappellari, o sul-africano Jabulani Maseko, o canado-trinitário James Oscar Jr e a germano-ganiana Ekua Yankah.

O destaque do calendário de 2024 foi, sem dúvida, o Pavilhão de Portugal na 60.ª Bienal de Veneza, Greenhouse, com a participação de três artistas-curadoras afrodescendentes: Mónica de Miranda, Sónia Vaz Borges e Vânia Gala. Greenhouse definiu o tom para o futuro das exposições, adotando uma abordagem não hierárquica, interdisciplinar e colaborativa, inspirada no Jardim Crioulo de Édouard Glissant. O programa incluiu curadores e artistas de renome internacional em conversas dentro e em torno do pavilhão, além de eventos satélite realizados no Porto, como o lançamento do catálogo Greenhouse no Cinema Batalha.

Em homenagem a Veneza, a lista deste ano inclui Jardim Crioulo - Processo, uma exposição que documenta o desenvolvimento do pavilhão, apresentada n’O Instituto, no Porto. As restantes exposições selecionadas para a lista dos melhores de 2024 são de instituições que não figuraram em listas anteriores.

Em Lisboa, foram destacadas seis exposições, incluindo a mostra da pintora afro-brasileira Panmela Castro na Galeria Francisco Fino, a exposição de esculturas do nigeriano-americano Dozie Kanu no Lumiar Cité e a primeira exibição de obras da coleção privada de arte africana contemporânea da Forward Art Stories Foundation.

Outros destaques incluem Álbuns de Família, uma exposição com fotografias pessoais doadas por famílias africanas residentes na Grande Lisboa, com curadoria de Inocência Mata e Filipa Lowndes Vicente, no âmbito das comemorações do 50.º aniversário da Revolução dos Cravos, no Padrão dos Descobrimentos. Também em destaque está Actuações, com curadoria de Henrique J. Paris, no KUBATA, sendo a primeira vez que um espaço expositivo na Linha de Sintra é incluído na lista.

Merece igualmente reconhecimento Por quanto tempo terei de nadar?, de Sara Fonseca da Graça e Petra.Preta, com curadoria de Melissa Rodrigues, na Galeria da Boavista. Esta é a primeira exposição individual nas Galerias Municipais de Lisboa com uma dupla de artista-curadora de ascendência cabo-verdiana.

No Porto, foi selecionada Ancestral Waters, a primeira exposição individual em Portugal do pintor afro-brasileiro Matheus Marques Abu, de 27 anos, no âmbito do projeto Cave Space da Galeria Nuno Centeno.

Na Bienal Anozero, em Coimbra, o destaque foi uma instalação sem título do artista angolano Yonamine. Já a exposição de verão na Casa da Cultura da Comporta, com curadoria de Nancy Dantas, apresentou artistas afro-brasileiros, sul-africanos e afro-americanos, como Alberto Pitta, Efrain Almeida, Igshaan Adams e Leonardo Drew, marcando a quarta edição de uma colaboração iniciada pela galeria brasileira Fortes D’Aloia & Gabriel.

Duas menções honrosas completam a lista: a exposição coletiva Black Ancient Futures, com 11 artistas internacionais, curada por Camila Maissune e João Pinharanda no MAAT Lisboa, com a instalação de Jota Mombaça disponível gratuitamente no jardim do MAAT até março de 2025; e Obi Li, delicada exposição escultórica de Jacira da Conceição, no espaço independente Verão, em Lisboa.

Em resumo, os curadores desta lista acreditam que muitas das exposições de menor escala estão a moldar o presente e o futuro da agenda curatorial em Portugal. Um agradecimento especial é dirigido a Paula Nascimento.