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Provavelmente, através do Instagram ou no TikTok, já deves ter ouvido “Cabelo Crespo”, da angolana Briisa. A música que a artista criou para responder a um comentário racista de uma adolescente brasileira acabou por viralizar, com vários influencers, famosos e desconhecidos a utilizar a música para criar conteúdo de empoderamento. Só no TikTok da rapper, os vídeos que promovem a música contam perto de 15 milhões de visualizações.
Com apenas 22 anos, Aricênia Angelina Vilulu, é uma das jovens promessas do rap angolano da atualidade. A franqueza que carrega nas suas barras levou-a a ganhar notoriedade nas redes sociais e a arrebatar o prémio de Melhor Rapper Feminino no concurso “Ouros de Angola”, no início de junho.
https://www.instagram.com/p/C8RzERhInfz/
Crescer numa casa onde o rap era presença assídua, devido aos gostos musicais dos irmãos, primos e vizinhos, inevitavelmente, criou em Briisa uma via rápida de acesso ao género. Apesar de cantar profissionalmente há apenas três anos, a jovem começou a treinar as suas habilidades nas rimas desde muito cedo e, aos 17 anos, foi escolhida para fazer os refrões das músicas de um coletivo no colégio onde estudava. Foi a partir daí que passou a olhar para a música com mais profundidade e interesse.
Passou a imaginar-se a fazer da música o seu ganha pão e hoje corre atrás desses sonhos. “Aprendi desde cedo a sonhar alto e a trabalhar para realizar os sonhos”, afirma. As suas maiores influências e que a motivam também a continuar a criar são Prodígio, MC Cabinda, Girinha, T-Rex, Paulelson e Phenix RDC, nomes com quem um dia gostaria de colaborar.
É na liberdade artística que o rap lhe oferece que Briisa se encontra e revela. “É o único estilo no qual me sinto livre para falar o que sinto, penso e vejo livremente”, explica. As suas experiências, dores e o que observa nos outros são o combustível das suas rimas mas há um motivo maior que a empurra até alcançar o sucesso. Há anos que Briisa não vê o pai. Além do amor que nutre pela arte, o seu principal objetivo é fazer dinheiro suficiente para poder encontrar o pai que desapareceu devido a perturbações mentais.
https://www.instagram.com/p/C6EpN5OIACT/?img_index=1
Além de este e outros traumas profundos que os seus 22 anos escondem, na adolescência, Briisa encontrou conforto na cannabis e em amizades duvidosas. O rap foi decisivo para ajudá-la a ultrapassar essa fase repleta de excessos, em que teve inclusive de superar uma infeção pulmonar. “A música para mim é vida. Mais do que arte, é vida, a música salvou-me, o rap curou-me”, afirma categoricamente.
Enveredar pela carreira musical, sem recursos próprios e sem conhecimento dos meandros da indústria pode revelar-se desafiador. “Digo sem receio algum que as maiores dificuldades que enfrento enquanto artista mulher é o assédio sexual e a falta de apoio financeiro”, contou-nos. Entretanto, apesar disso, acredita que é possível singrar no mercado angolano. “Humildemente espero conseguir levar a minha arte ao mais alto patamar em Angola”, ainda que o destaque do movimento hip hop nacional seja quase exclusivamente masculino. Há mulheres a construírem os seus próprios caminhos, mas em número ainda irrelevante. Contudo, acredito que podemos reverter isto passando o exemplo e servindo de inspiração e influência para as gerações vindouras. O Hip-Hop não vai morrer”, rematou.
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