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Entraram vivos, saíram mortos e um ano depois as famílias saem à rua e pedem justiça

September 17, 2022
Entraram vivos, saíram mortos e um ano depois as famílias saem à rua e pedem justiça

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O caso remonta a setembro do ano passado. Danijoy Pontes e Daniel Rodrigues estavam ambos presos no Estabelecimento Prisional de Lisboa (EPL) quando foram encontrados mortos nas respetivas celas, em circunstâncias que desde o início geraram revolta e incompreensão junto de familiares e amigos das vítimas.

Este sábado, 17, dezenas de pessoas manifestaram-se no Rossio pedindo justiça pelas mortes. A manifestação contou com a presença de Alice Costa, mãe de Danijoy, com quem a BANTUMEN teve oportunidade de falar, no dia anterior durante uma homenagem a Danijoy e Daniel, em frente ao EPL.

Alice conta-nos, de voz embargada e visivelmente abalada, que o último ano tem sido difícil. Ainda inconformada com os contornos que rodeiam o caso, a mãe de Danijoy é peremptória ao afirmar que algo se passou nos dias que antecederam a morte do filho e afirma precisar de todas essas respostas para “poder seguir e ficar com o coração em paz”.

À data dos acontecimentos, a autópsia deu como “natural” a causa da morte de Dani. Acontece que, aos olhos de Alice, essa tese não tem qualquer fundamento. Alice afirma que o filho sempre foi um jovem saudável e que até hoje não entende o motivo de lhe terem sido administrados medicamentos para o tratamento de esquizofrenia quando não havia qualquer laudo médico que atestasse a doença. “Porque é que medicaram o Dani com metadona e largactil?”, pergunta em jeito de indignação. Não bastasse a administração, alegadamente indevida, de medicamentos, a mãe de Danyjoy conta que o filho chegou a sentir-se perseguido, tendo-lhe feito queixa de um guarda prisional cujo nome prefere não mencionar para não sofrer represálias.

São várias as perguntas para as quais Alice ainda não tem resposta. O facto de Danijoy ter estado os últimos 14 dias que antecederam a sua morte na solitária e o facto de o Instituto Nacional de Medicina Legal ter demorado 18 dias a entregar corpo, são parte da revolta à qual junta a forma como as autoridades competentes lidaram com o caso. “Da prisão, disseram-me para ligar à funerária”, conta a propósito da forma como lhe foi comunicada a morte do filho. E acrescenta que toda a falta de respostas é fruto de um círculo de influências, onde instituições e entidades operam com conivência umas das outras.

A mãe de Danijoy Pontes vai mais longe e estende o apelo ao Presidente da República, com quem afirma ter falado dias depois da morte do filho, para que os casos de mortes na prisão sejam devidamente investigados, acrescentado que, apenas foram objeto de investigação seis mortes em 303 que ocorreram nos últimos cinco anos.

A manifestação deste sábado serviu para lembrar Danijoy Pontes, mas também para servir de alerta para o que se passa nos Estabelecimentos Prisionais portugueses. Para a família e amigos, estes casos apresentam “circunstâncias suspeitas”.

Recorde-se que Danijoy esteve 11 meses em prisão preventiva por furto, quando era possível que aguardasse julgamento em liberdade. Foi posteriormente condenado a seis anos de prisão efetiva, mesmo não tendo qualquer antecedente criminal.

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