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Guiné-Bissau, "Desconstrução de um Estado por Construir"

August 19, 2024
Desconstrução de um Estado por Construir

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"Desconstrução de um Estado por Construir (1973 a 2019): 41 Discursos Proferidos por 7 Presidentes da República da Guiné-Bissau" é o título da recente obra de Rui Jorge Semedo, um autor versátil que escreve e já escreveu diferentes géneros literários, da poesia ao conto, da crónica a artigos e livros científicos.


Nesta obra, publicada em jpublicada em 2023, pela editora Corubal, e apresentada ao público em janeiro de 2024, o autor apresenta-nos um livro com quase 500 páginas, dividido em cinco capítulos: Liberdade: o Sonho Guineense Adiado; Estado Novo, 1973 a 1980; Decadência do Estado Novo, 1980 a 1990; Reforma do Estado, 1991 a 1998; Fragilização do Estado, 1998 a 2019.


Estamos perante uma obra que possibilita uma leitura e aprendizagem contínua sobre os acontecimentos que vivenciamos atualmente. Temos a oportunidade de desfrutar e aprender com o último discurso-testamento de Amílcar Cabral (1972) e também com o discurso da proclamação unilateral da independência, de João Bernardo "Nino" Vieira (1973), ambos incluídos no primeiro capítulo, intitulado Liberdade: o Sonho Guineense Adiado.


Por outro lado, no segundo capítulo, Estado Novo, 1973 a 1980, encontramos um trecho de um discurso de Aristides Maria Pereira (1974), outro discurso do mesmo combatente (Aristides Maria Pereira, 1975), e os discursos do Presidente Luís Severino Cabral, o primeiro presidente depois da independência (1975–1979). Nos capítulos seguintes, Decadência do Estado Novo, 1980 a 1990, Reforma do Estado, 1991 a 1998 e Fragilização do Estado, 1998 a 2019, encontramos discursos de seis Chefes de Estado da República da Guiné-Bissau, entre os quais: o Presidente Nino Vieira, em diferentes períodos (1980–1990, 1991–1997, 2005–2008); Malam Bacai Sanhá, em 1999, enquanto presidente interino, e depois como presidente eleito, proferindo três discursos (2009, 2010 e 2011); o Presidente Kumba Ialá, que fez três discursos antes de ser deposto por um golpe de Estado (2000, 2001 e 2002); o Presidente Henrique Pereira Rosa (2003 e 2004); e o Presidente Manuel Serifo Nhamadjo (2012 e 2013), ambos de forma interina.


Todavia, com base nas notas do autor ao abrir cada capítulo, surgem questões inquietantes: de tantos discursos e turbulências ao nível do Estado guineense e da sua relação com o povo, que discursos se devem proferir para os nossos novos tempos? Serão simplesmente palavras que se dissipam no ar, levadas pelo vento? Será vantajoso alimentar discursos de ódio e divisão étnico-religiosa num país cuja comunidade é multiétnica e multirreligiosa?


Ficam questões por esclarecer, mas também ecoa este pensamento do prefaciador da obra, Peter Karibe Mendy, que sublinha: "As palavras formam a linguagem e a linguagem é socialmente motivada e socialmente construída. Palavras e ações revelam a integridade ou a falta dela, e a integridade é o componente mais importante do carácter humano, exigindo fidelidade aos princípios ético-morais e a coragem de dizer e fazer o que é correto e justo" (p.15).


Que cada leitor deste texto ou da obra tire as suas próprias conclusões sobre estas observações do Professor Peter. Mas, acima de tudo, que aproveite o tempo para refletir sobre os discursos que não ouviu quando foram proferidos, lendo-os agora nesta obra, que nos convida a observar onde falhamos e como podemos corrigir esses erros, para que não tenhamos discursos vazios e incitadores de violência por parte daqueles que ocupam os postos mais altos da nossa soberania.

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