“Dos Combatentes a Setúbal”, um desabafo em álbum de Kiari Flores

Kiari Flores brindou-nos nesta terça feira, 20, com o seu primeiro disco de originais. “Dos Combantes a Setúbal” é um repertório de 10 faixas, que chega às plataformas digitais com as colaborações de Paulo Flores e Manecas Costa e uma homenagem à Força Suprema.

Com um sobrenome que dispensa apresentações e depois de causar sensação na dupla com o irmão Fábio Flores, Kiari voa agora a solo. Num ambiente quase familiar, o B.Leza, em Lisboa, recebeu o evento de escuta antecipada do projeto, apresentado pelo influenciador musical Bruno Dinis.

Entre aplausos, Kiari Flores subiu ao palco e foi apresentando as faixas uma a uma, juntamente com Bruno Dinis, numa dinâmica de análise e reação. Entre copos, risos e olhos plenos de orgulho, ficámos a conhecer algumas curiosidades sobre a produção de “Dos Combatentes a Setúbal”. Foram cinco anos de trabalho em estúdio. As ideias começaram a organizar-se em 2019 mas entretanto surgiu a pandemia. O mundo voltou a abrir, a vida foi-se desenrolando e os concertos acumulando, tanto com a dupla como com o pai, que por vezes acompanha. “As coisas foram acontecendo naturalmente. Saiu no momento certo, em que me sinto mais pronto, enquanto artista. Sinto-me mais pronto hoje do que quando começamos a fazer o álbum”, explicou Kiari Flores à BANTUMEN.

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Depois de ouvir o projeto, há quem se incline a catalogar este “Dos Combatentes a Setúbal” um álbum de kizomba, mas o artista pensa diferente. “”É um álbum de rap, sem dúvida, e sempre com um trago das origens. É um álbum de rap mas com uma vibe afro. O rap vem dos Estados Unidos, mas em cada país há a sua própria origem do rap. E se fores ver a origem do rap em Angola, são os Club bangers. Não tem uma mensagem tão deep [profunda], isso surgiu mais à frente. Este álbum tem isso [Club bangers] e ao mesmo tempo tem a mensagem. Pode ser complicada a passagem deste álbum nas rádios em Portugal mas vai facilitar a passagem entre as pessoas que queiram sentir e perceber o movimento do rap”, explicou o artista.

Sobre as inspirações, “foram sempre Força Suprema, Bruno M, o meu cota, óbvio, e também sinto muito a influência do Halloween, mas isso vai-se sentir muito mais no próximo projeto, mas é sempre uma pessoa que me faz querer ser sempre verdadeiro”, revelou.

Sobre o facto de aventurar-se a lançar um álbum em vez de optar por uma mixtape ou um EP, Kiari é firme na sua resposta: “Eu levo isto a sério. Não quis chamar a este projeto mixtape ou EP, porque quando um rapper lança uma mixtape ou um EP há sempre um rótulo de que ‘ah isso são músicas de brincadeira’”.

“Dos Combatentes a Setúbal” é uma mistura de vibes, com uma ficha técnica composta por grandes nomes da música lusófona, como Prodígio, Boper, Badoxa, Madkutz e Mayo Bass. O álbum é sobretudo uma junção de emoções e pensamentos, sem filtros, com a real visão que o artisra tem sobre a vida. Uma vida entre Angola e Portugal, que muito cedo permitiu perceber diferentes realidades sociais e culturais, mas que também permitiu entender que a simplicidade e a felicidade andam de mãos dadas.

Nascido em 2002, em Lisboa, mudou-se para Luanda aos três meses de idade, e desde sempre respirou música, não fosse ele filho de um dos nomes maiores da música angolana da atualidade, Paulo Flores. Aos três anos começou a tocar bateria e, hoje em dia, além de percussão, toca também guitarra.

Com o Semba no sangue e Hip-Hop no coração, em 2018 formou “Los Manitos” com o irmão Fábio Flores, com quem editou sete temas, entre eles os hits “Tudo Nosso, Nada Deles” (2.3 Milhões de views), “Acontece” (2.3 Milhões de views) e “Tou Na Moda” (30 Milhões de views). No seu currículo conta também com atuações em festivais como o Zee Festival, Expofacic ou Festival Village em Punta Umbria. Em novembro de 2022 lançou “Agentes”, o seu primeiro single a solo, pela mão da Roxta Music. Em “Agentes”, Kiari Flores conta com a produção de Prodígio (Força Suprema) e Boper. Este é um dos temas de avanço do seu álbum de estreia a solo com lançamento previsto para 2024.