Marcas por escrever
Contactos
BantuLoja
Pesquisa
Partilhar
X
A Guiné-Bissau acolhe, entre os dias 7 e 12 de abril, o III Workshop Regional de Coordenação do projeto Ação Climática Feminista da África Ocidental (ACF-AO). O encontro decorre no Hotel Dunia, em Bissau, e junta representantes da Guiné-Bissau, Costa do Marfim, Senegal e Togo para avaliar o progresso da iniciativa e definir prioridades para os próximos meses.
O projeto ACF-AO, implementado na Guiné-Bissau, desde 2023, pela organização Tiniguena, centra-se na adaptação comunitária às alterações climáticas com especial atenção às mulheres rurais, jovens e comunidades costeiras vulneráveis. A iniciativa conta com o apoio da Global Affairs Canada e é desenvolvida em parceria com as organizações canadianas Inter Pares e SUCO.
Durante o workshop, abordaram-se os avanços e desafios registados ao longo de dois anos de implementação, com destaque para o plano de advocacia e as experiências associadas à promoção da igualdade de género. A agenda incluiu ainda a preparação de estratégias para a participação na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP30), agendada para o Brasil, e a definição das próximas ações de sensibilização e mobilização. Miguel de Barros, Sociólogo e Diretor Executivo da Tiniguena, refere que o trabalho apresentado deve, além de refletir a voz dos organismos, refletir a "voz das comunidades". Para o sociólogo, as comunidades são um mecanismo por si só e "agem no sentido de influenciar a agenda". A título de exemplo, Miguel destaca a estratégia Pan-Amazónica, da qual faz parte, e a forma como, no Brasil, as comunidades indígenas reivindicam o seu contributo junto dos decisores políticos.
O encontro envolveu a participação de representantes do Ministério do Ambiente, Biodiversidade e Alterações Climáticas, do Ministério do Turismo, e do Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas (IBAP), que foram convidados a conhecer de perto o projeto e as intervenções no terreno. Aissa de Barros, Diretora do IBAP, salienta a necessidade de reforçar laços e criar resiliência, num esforço "que junta não só a conservação, mas também o desenvolvimento económico das comunidades residentes nessas áreas". A ação do organismo que dirige passa por dinâmicas de empoderamento feminino, alfabetização e apoio à agricultura. A missão do IBAP é focada na gestão das áreas protegidas do país, reforçando as parcerias ao nível local, nacional e internacional, e atuando em cerca de 26% do território nacional.
Num momento considerado estratégico para o país, o workshop decorre em paralelo com os esforços em curso para que as áreas protegidas de Urok, Orango, e João Vieira e Poilão venham a ser classificadas como Património Mundial Natural da Humanidade. Após o encerramento da formação, o Comité de Pilotagem do projeto segue para as ilhas Bijagós para encontros com autoridades locais, decisores e comunidades beneficiárias, promovendo uma abordagem colaborativa e centrada nas realidades locais. António Vieira Fernandes, Diretor Geral do Ordenamento do Território, acredita que se houver "uma ação consertada e conjunta de todos os parceiros", não só é possível mitigar as consequências das ações climáticas, como também se criam condições para um desenvolvimento sustentável em todas as regiões do país.
Ao longo dos anos, a Tiniguena tem-se destacado pelo seu papel na promoção e valorização das comunidades e do ecossistema da Guiné-Bissau. A organização, cujo nome significa "Esta Terra é Nossa!", sempre se ergueu como um movimento de afirmação e defesa da soberania alimentar, dos saberes tradicionais e da participação ativa das comunidades na gestão dos seus territórios. A título de exemplo, vale recordar o projeto “Mulheres Guardiãs de Sementes e da Biodiversidade”, iniciativa que atua como laboratório social, onde mulheres de diversas comunidades compartilham saberes e técnicas ancestrais para preservar e multiplicar sementes nativas, fortalecendo a soberania alimentar e a resiliência climática.
Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.
Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para redacao@bantumen.com.
Recomendações
Marcas por escrever
Contactos
BantuLoja