Manuel Raimundo Lopes lança ensaio sobre o impacto do património cultural no desenvolvimento de Bolama

Manuel Raimundo Lopes, candidato ao ativismo para o desenvolvimento de Bolama, lançou o seu primeiro ensaio, intitulado "Transformar os Mineiros Culturais em Instrumentos do Desenvolvimento". A obra, apresentada no dia 18 de março de 2025, em Bolama, na Guiné-Bissau, analisa os ganhos e perdas da região desde o século XV aos dias de hoje. Além da análise, o livro destaca datas emblemáticas da história local e oferece uma visão sobre a evolução da cidade ao longo dos séculos.

Em declarações à BANTUMEN, Manuel Raimundo Lopes explicou que pretende contribuir para a valorização da cultura e da história local, promovendo o património cultural como instrumento de desenvolvimento. "Desde 2014, temos debatido sobre a cidade de Bolama e o significado da data de 18 de março de 1879, quando foi consagrada como capital da antiga província portuguesa. Ao longo desses anos, ouvimos muitas pessoas sobre a história da cidade e as possibilidades de aproveitamento do património local. Em 2024, decidi ir além das palestras e encontros e começar a registar essas reflexões. Assim nasceu este primeiro volume do ensaio 'Transformar os Mineiros Culturais em Instrumentos do Desenvolvimento'", afirmou.

O autor defende que o desenvolvimento de Bolama deve resultar da cooperação entre diferentes agentes e não depender exclusivamente de uma autoridade, ONG ou indivíduo. "O progresso da cidade deve ser construído com esforços combinados e objetivos comuns. Este livro é a minha contribuição para essa iniciativa", sublinhou.

Ao longa da obra, que conta com 65 páginas, Raimundo questiona o motivo do interesse histórico europeu pela região e sugere uma reflexão sobre a sua relevância. "É importante perguntar: o que tem Bolama para despertar tanto interesse dos países europeus? Esse é um dos pontos que exploro no livro, para que mais pessoas conheçam a importância da cidade", afirmou.

A ilha de Bolama foi disputada por holandeses, franceses e britânicos antes do conflito militar entre o Reino Unido e Portugal, ocorrido entre 1834 e 1870. A disputa teve origem em 1792, quando um grupo de britânicos adquiriu a ilha para criar uma colónia modelo. Apesar do abandono da colónia no ano seguinte, o Reino Unido voltou a reivindicar a ilha em 1834, no contexto da repressão ao tráfico de escravos, ocupando-a militarmente em várias ocasiões.

A questão foi resolvida por arbitragem do presidente dos Estados Unidos, Ulysses S. Grant, que em 1870 decidiu a favor de Portugal, consolidando a integração de Bolama no território da Guiné Portuguesa, atual República da Guiné-Bissau.