"Perceber que estas músicas ainda fazem sentido para quem sou hoje, diz muito sobre a Mayra dos 15 anos", Mayra Andrade

Foi com Djodje Almeida que o ingrediente para fazer “a magia acontecer” chegou. O guitarrista é o único parceiro de Mayra em palco. “Ele sempre foi uma pessoa que me disse que tinha muito prazer em acompanhar. Não basta tocar violão. Ele traz uma delicadeza, uma escuta, uma força, um groove”, explicou. Juntos têm trilhado um caminho que faz parte de um fechar e início de ciclo no qual a cantora mergulhou a fundo no seu reportório, despindo-se dos arranjos, agarrando a simplicidade e a formato mais cru das suas canções, num processo marcado pela redescoberta da sua voz, naquele que foi o seu “projeto mais exigente vocalmente e emocionalmente”, até agora. A sua filha Dayo foi também uma “parte ativa neste disco”, já que o processo da maternidade, tendo acontecido lado a lado com o trilhar dos concertos de ReEncanto, foi um “renascer e redescobrir-me com ela”. 

Ao longo da conversa, falou-se ainda sobre o momento social atual, em que o racismo tem ganhado força. “Acho que estamos a viver um momento de uma grande transformação, como seres humanos. Acho que eu sou uma pessoa muito conectada à minha espiritualidade e vejo tanta tragédia a acontecer e tanta coisa que só me leva a pensar que estamos num momento de mutação. E antes de cada mutação há muito caos. O racismo sempre existiu. Ele está a ganhar força porque as pessoas estão desesperadas, porque as pessoas estão mal informadas, porque as pessoas estão a ser massivamente manipuladas. Cabe a cada um de nós semear o conhecimento, o amor, a esperança", afirma, ressaltando o poder da música em atravessar fronteiras e tocar corações, mesmo aqueles endurecidos pelo preconceito.

Sobre Sara Tavares, que faleceu em novembro de 2023, e após uma recente homenagem nos Globos de Ouro em que cantou as músicas da artista - com Dino D’Santiago, Ana Moura e Branko -, Mayra relembra a inspiração que Sara foi para si e para tantos outros artistas, pela forma como colocava o ritmo na sua sua música, a sua espiritualidade. “A Sara era uma amiga. Tenho muitas saudades dela. Portanto, fazer-lhe uma homenagem, ao render-lhe todas as homenagens que eu puder, vai ser sempre importante.”

Para terminar a entrevista, Mayra finaliza com um convite: "Espero que este disco seja uma porta aberta para que o público redescubra estas canções comigo e sinta a mesma emoção que eu sinto ao apresentá-las novamente."

ReEncanto vai passar dia 9 de dezembro no Tivoli, em Lisboa, e os bilhetes para este espetáculo especial estão disponíveis para compra, com preços variando entre 22€ e 39€.