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A arte angolana tem se destacado como um importante reflexo da cultura nacional e das vivências sociais do país. Mais do que um meio de expressão, tem tido um forte papel social, servindo de ensaio e de arquivo teórico sobre a forma como os angolanos vivem hoje.
A arte e os artistas angolanos têm ganhado cada vez mais espaço em eventos internacionais, como a Bienal de Veneza, e esse reconhecimento global traz oportunidades que vão além das exposições. A verdade é que o valor dessas experiências está no que elas podem devolver às comunidades locais, no reconhecimento global da arte angolana como um lugar de início, “o lugar emprestado”. O verdadeiro impacto surge quando essas experiências retornam às comunidades, inspirando o desenvolvimento social e cultural através da descentralização da arte. Ao levar a expressão artística a comunidades menos privilegiadas, promove-se a criatividade e também incentiva-se a construção de espaços teóricos e práticos que servem de transformação para os outros”.
É, também, nessa sequência que surge a JAHMEK. É uma galeria fundada há 12 anos por Mehak and Jardel Vieira, em Angola, e que tem como missão acolher, trabalhar e projetar artistas nacionais e também descentralizar o acesso à arte, levar iniciativas culturais a várias províncias angolanas. Inspirada em modelos que observa em eventos internacionais, a galeria desenvolve projetos artísticos que conectam a arte com a realidade local. Oficinas, exposições comunitárias e programas de educação artística são algumas das formas de fazer com que a arte deixe de ser um privilégio de poucos e se torne uma ferramenta de desenvolvimento cultural.
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“Participar de bienais e exposições mundiais não se resume a conquistar visibilidade. É uma oportunidade de aprender, trocar ideias e trazer novas perspetivas para o cenário cultural angolano. A galeria JAHMEK aposta exatamente nesse retorno: usar o conhecimento adquirido lá fora para fortalecer o cenário artístico angolano, explorar outras formas de expressões artísticas, especialmente fora dos grandes centros urbanos”, explica-nos Mehak Vieira.
É isso que tem defendido nos últimos anos. “O futuro da arte angolana depende de um compromisso coletivo que envolva artistas, instituições privadas, e, principalmente, o Estado, e que a descentralização e democratização do acesso à arte, como defendido pela JAHMEK como instituição e principalmente por mim, só serão plenamente concretizadas com investimentos estruturais e políticas públicas que valorizem a cultura como ferramenta de transformação social. Um plano de Estado robusto que deve não apenas fomentar o talento local, mas também garantir a criação de arquivos de memória que preservem e disseminem o patrimônio cultural angolano, assegurando que as gerações futuras tenham acesso a esses registos”, continua a galerista e curadora.
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