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“Mercados Aéreos”: MCK lança último single promocional do álbum “Sementes”

May 24, 2024
“Mercados Aéreos”: MCK lança último single promocional do álbum “Sementes”

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Depois de “A Corrupção Venceu” e “Gérmen, Pobreza Reproduzida” (feat Tio Hossi), MCK revela agora o seu último single promocional do álbum Sementes, a editar já no dia 31 de maio. “Mercados Aéreos” é uma música produzida e escrita em colaboração com o cantor Daniel Nascimento.

Em “Mercados Aéreos”, o rap de MCK ganha sustento através de uma melodia que emprestou do blues a guitarra de Mário Gomes, a bateria de Omar Gross e a percussão de Dalu Roger. A grande cartada final é o apoio vocal de Olinda Simeão, vencedora da última edição do Festival da Canção de Luanda, e que já partilhou palcos com artistas como Filipe Mukenga.

Nas palavras do premiado e respeitado autor e jornalista angolano José Luís Mendonça, este single é “o mesmo choro de séculos, o lamento é o mesmo, só mudou o cenário, o lamento é o mesmo do poema Mamã Negra de Viriato da Cruz, esse poema que sonha com o Dia da Humanidade e que Olinda retoma com os versos “Apesar de tudo acredita no futuro/ alimenta o seu futuro/ gente que sonha de pé/ e é livre sem ser livre”, neste século XXI, neste tempo suado de mulher vendendo em plena rua, “apesar do medo que faz dela uma estatística informal na condição/ apesar da Angola que traz no coração”.

Texto de opinião de José Luís Mendonça:

“Mamá ué, mamá ué, mamã…” é este o refrão que empresta a fluidez do Blues, ou, se quisermos, do Jazz original, cantado pelos negros norte-americanos no acto de trabalhar para a fortuna do esclavagista.

A composição Mercados Aéreos, tema colaborativo de MCK e Daniel Nascimento, resulta numa fusão bem conseguida do estilo Rap com tonalidades de Blues na voz feminina de Olinda Simeão, vencedora da última edição do Prémio da Canção LAC. É como se estivéssemos na América do século XIX, só que o cenário tem “pedonais lotadas a céu aberto// meninos de rua todos fora do ensino/ sem nada no intestino…”

Lamento e denúncia. “Quem passa não vê o sorriso bonito/ quem passa também já perdeu a esperança/ quem pára não paga o valor dessa luta…”, a voz de Olinda parece a maresia da Ilha de Luanda, nessa toda anafórica. Escutamos uma mensagem produzida sobre a impressão indelével do dia-a-dia luandense, cujo símbolo maior é a zungueira: “chora, chora, minha coroa/ zunga, minha coroa”.

Uma Luanda onde cabe toda imensidão dos povos de Angola, uma Luanda cujo retrato MCK canta “Eu estou na Samba travado há duas horas/ saio do Kilamba sentido da Mutamba/ trânsito pesado, vidros baixos, vou pra Baixa.”

E assim segue o rapper que diz “escrevo até no trânsito” e, no meio da poluição dos escapes dos automóveis, o cantor regista “a zunga é um parlamento de rua, só não há Lexus…”

Mercados Aéreos é o mesmo choro de séculos, o lamento é o mesmo, só mudou o cenário, o lamento é o mesmo do poema Mamã Negra de Viriato da Cruz, esse poema que sonha com o Dia da Humanidade e que Olinda retoma com os versos “Apesar de tudo acredita no futuro/ alimenta o seu futuro/ gente que sonha de pé/ e é livre sem ser livre”, neste século XXI, neste tempo suado de mulher vendendo em plena rua, “apesar do medo que faz dela uma estatística informal na condição/ apesar da Angola que traz no coração”.

Canto teclado nos raios do sol de Luanda onde Angola começa e onde a angústia entrenhada nos calcanhares gretados das mulheres na rua não tem fim próximo, por isso o Blues na voz de Olinda Simeão bisa “Mamá ué, mamá eu´, mamã…”, o refrão proposto pelo artista, compositor e apresentador de TV, Daniel Nascimento. Uma colaboração profícua, a dar que cantar!

José Luís Mendonça é poeta, autor e jornalista, com mias de dez obras publicadas. É também diretor e redator-chefe do semanário Cultura, suplemento do Jornal de Angola, e Membro da União de Escritores Angolanos.

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